Com 300 médicos peritos em todo o estado, espera pode chegar a 90 dias.
Associação dos Médicos Peritos do INSS diz que quadro deveria dobrar.
O pedreiro Romarci Dias sofreu um acidente de trabalho há seis meses e ainda faltam pelo mais duas cirurgias para completar o tratamento. Na queda de uma laje onde trabalhava, ele feriu a perna, o rosto e a cabeça. Depois de uma semana internado, foi pra casa se recuperar. E aí começava um novo calvário: a tentativa de receber o auxílio-doença. Foram dois meses de espera, sem salário. “É descontado todos os meses, mas quando a gente precisa de socorro, tem que correr atrás”, reclama.
Os atrasos na marcação de perícias do INSS são históricos. Nas agências do Rio Grande do Sul, a média de espera é de dois a três meses. Atualmente, mais de 156 mil trabalhadores recebem auxílio-doença no estado. Os médicos admitem que os segurados têm toda a razão em reclamar. Segundo a categoria, são 300 profissionais para atender todo o estado.
“Para se chegar a uma agenda de pelo menos 15 a 20 dias, que seria o correto para o trabalhador receber no mesmo mês, sem interrupção de salário, precisaria ter no mínimo o dobro, de 600 a 700 (médicos)”, afirma Clarissa Bassin, vice-presidente da Associação dos Médicos Peritos do INSS.
Procurado pela reportagem, o INSS em Porto Alegre não quis dar explicações. Por meio da assessoria em Brasília (DF), informou apenas que o concurso marcado para o próximo domingo (12) pretende selecionar 137 servidores para o Rio Grande do Sul. Com os novos profissionais, a previdência pretende agilizar as perícias.
Enquanto o quadro não muda, associações como a dos motoristas de ônibus, onde a maioria se aposenta por invalidez, fazem campanhas para ajudar trabalhadores que esperam por auxílio-doença. “Nós temos, inclusive, a arrecadação de alimentos de trabalhadores ativos e nos eventos que fizemos justamente para fornecer a essas pessoas que estão precisando”, conta o presidente da Associação Única dos Rodoviários Aposentados, Sérgio Vieira.
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