MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Multidão invade Clube Internacional do Recife na prévia do 'I Love Cafusú'


De alternativo a intelectual, todas as tribos se divertiram com o brega.
Reginaldo Rossi foi a grande atração da festa na sexta-feira (10)

Vitor Tavares Do G1 PE
Quase toda a família Gondim participou da prévia do 'I Love Cafusú' (Foto: Vitor Tavares/G1)Quase toda a família Gondim participou da prévia
do 'I Love Cafusú' (Foto: Vitor Tavares/G1)
Ainda não passava das 22h quando a frente do Clube Internacional do Recife, no bairro da Madalena, já começava a receber o público que iria passar a noite da sexta-feira (10) se divertindo no baile do "I Love Cafusú". Cambistas vendiam o ingresso por até R$ 130 e fantasias de gala se misturavam com peças tiradas do fundo do guarda-roupa. Alternativos, “playboys”, forrozeiros, “patricinhas”, intelectuais, todas as tribos formaram uma multidão com muita vontade de dançar brega, em uma das prévias carnavalescas mais aguardadas da cidade neste ano.
Criado por um grupo de amigas que queria brincar o carnaval de Olinda, em 2004, o "I Love Cafusú" chegou no ano de 2012 reunindo milhares de pessoas, que superlotaram o salão do Clube Internacional. A intenção geral era colocar o espírito brega para fora, ao menos uma vez no ano e brincar com o estilo "macho". O estudante Raphael Tavares foi com os amigos para o baile pela primeira vez e tentou explicar o fenômeno cafuçu que invadiu a capital pernambucana. “É um resgate de uma cultura dos anos 70. Todo mundo tem vontade de exibir o seu lado grotesco, bizarro. É uma coisa que está no sangue do recifense, de ser brega, mostrar que é homem de verdade”, disse.
A turismóloga Yara Paiva também tem sua teoria sobre a onda cafuçu. “É uma nova declaração do que é brega. Antigamente associavam aos aculturados. Mas as pessoas estão percebendo que as melodias são legais, as letras são boas. Tudo é uma ode ao amor, e todo mundo quer se apaixonar. E também toda mulher gosta de homem de verdade, rústico”, contou.
Rodrigo trouxe calcinhas e flores em homenagem a Wando (Foto: Vitor Tavares/G1)Rodrigo trouxe calcinhas e flores em
homenagem a Wando (Foto: Vitor Tavares/G1)
Nas fantasias masculinas, os tipos considerados “machões” foram os preferidos. Pedreiros, frentistas, bombeiros, mecânicos se misturavam com as suas “rariús”, as mulheres dos cafuçus. Elas estavam de meias-calças, estampas coloridas, flores na cabeça e muito brilho pelo corpo. O público também era variável na idade, indo de recém-aprovados no vestibular a senhores e senhoras que já brincam carnaval há décadas.
A advogada Luzinete Costa já foi eleita a rainha do carnaval da terceira idade e não perde nenhuma prévia da cidade. Este ano, junto com o filho, Fred, resolveu abandonar o tradicional baile do "Siri na Lata" para participar do I Love. “Estou amando. As pessoas são irreverentes e saem da rotina de carnaval. É muito bom ver o brega animando todas as idades. Os jovens adoram brega, mas eu também. Meu filho, às vezes, tem até que me controlar”, brincou. Com uma roupa de rainha dos bombeiros, Luzinete fazia questão de afirmar o que todos ali pareciam fazer: “o bom é não ter vergonha de nada e mostrar com atitudes tudo o que você quer fazer”.
O show da Banda Kitara abriu a noite e misturou novas músicas com clássicos do brega produzido em Pernambuco, agitando a multidão. Já passava das 2h30 quando a grande atração da festa, Reginaldo Rossi, subiu ao palco e mostrou toda a sua irreverência e brincadeira. Músicas em homenagem a Wando, Mamonas Assassinas e Marisa Monte estiveram presentes no repertório. O "Rei" entoava palavras de incentivo para que o brega aflorasse cada vez mais nas pessoas. E o público atendeu.
Fernanda e Jorge Luis resolveram criar o bloco "É o que tem para hoje" (Foto: Vitor Tavares/G1)Fernanda e Jorge Luis resolveram criar o bloco
"É o que tem para hoje" (Foto: Vitor Tavares/G1)
Fernanda Portela e Jorge Luís, estudante de psicologia e consultor empresarial, respectivamente, são casados e resolveram sair um pouco da rotina. “Nós dois montamos o bloco ‘É o que tem para hoje'. Ele tem muito de cafuçu: gosta de palitar os dentes depois de almoço, comer ovo, usar cueca rasgada. Hoje é o dia dele ser autêntico”, comentou Fernanda sobre o marido. “Sem camisa de botão, sapato de bico fino, todo ‘engomadinho’, me sinto mais livre e leve”, confirmou Jorge.
O baiano Idevaldo José considera toda essa brincadeira do carnaval pernambucano como um grande diferencial. Junto com os amigos, foi ao baile vestido de garçom, para homenagear a música mais famosa de Reginaldo Rossi. Ele não perde os bailes de prévia do Recife nenhum ano, mesmo morando em Salvador. “A energia quando chega aqui é contagiante. O nordestino em geral é irreverente, mas o pernambucano é mais ainda, muito criativo”, disse.
Apesar de toda a empolgação, a superlotação do Clube Internacional incomodou parte do público presente. A locomoção estava difícil, assim como assistir aos shows da Banda Kitara e de Reginaldo Rossi. Na área externa, onde grande parte do público ficou, mal dava para ouvir as apresentações. “A festa está muito animada, mas está lotada. Priorizaram a quantidade. Fica difícil para tudo, para ver as fantasias, brincar”, disse a estudante Jéssica Freitas. Cerveja quente e banheiros insuficientes também foram alvo de críticas.
O público mais antigo do I Love Cafusú, ao decorrer da festa, comentava certo incômodo em relação à mudança do perfil do baile. Porém, em uma cidade dividida por “tribos”, como o Recife, foi interessante ver pessoas tão diferentes juntas por uma única causa: se divertir da maneira mais brega possível.

Um comentário:

  1. Família Gondim e Amigos, Esse ano quero fazer parte novamente dessa reportagem. ;) Cheguem cedo!!

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