MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Manifestantes da BA acampam fora da Assembleia e dividem 'até picolé'


Parentes e policiais contaram como dividem a rotina.
Eles estão acampados ao lado de fora da Assembleia Legislativa da Bahia.

Do G1 BA
lanche assembleia legislativa; greve de pms; bahia (Foto: Egi Santana/G1)Manifestantes compram lanches em frente a Alba.
(Foto: Egi Santana/G1)
Nesta terça-feira (7), pais, mães, filhos e integrantes do movimento que estão fora do cerco montado pelas Forças Armadas, começaram a improvisar novas estruturas para passar o dia e a noite em frente à Assembleia Legislativa, onde desde a terça-feira (31) estão alojados parte dos policiais militares da Bahia que aderiram à greve.

São toldos, barracas de camping e veículos que estão servindo de abrigo contra o forte sol desta terça na capital baiana, que chegou aos 36 graus, por volta das 12h da tarde.
Acampada desde a segunda-feira (7), quando o exército chegou para fazer um cordão de isolamento na área, uma policial feminina que não quis ser identificada explicou como é a rotina das pessoas que estão do lado de fora do prédio do legislativo baiano.
“Têm pessoas que estão realmente dormindo e alojadas 24h por dia aqui. Dessas, algumas nem tomam banho, ou saem somente para isso. Para comer nós estamos reunindo donativos e dividindo tudo: Pão, água, frutas, biscoito, almoço”, explica. “Até um picolé que eu compro nós vamos compartilhando”, brinca a soldado da PM, que tem uma irmã alojada no interior da Assembleia.

homem lê; bahia; greve da pm; assembleia legislativa (Foto: Egi Santana/G1)Manifestante que está acampado no local, lê tranquilamente em frente a Assembleia Legislativa da Bahia. (Foto: Egi Santana/G1)
Ela conta também que nesta terça o clima está “mais tranquilo”, sem os confrontos que foram registrados na segunda. “Hoje nós estamos mais esperançosos com relação à negociação. Nos resta esperar, mesmo, e torcer pelo melhor para a categoria e para a segurança dos baianos”, completa.
Já dona Adaci de Jesus Silva, que falou ao G1 na segunda-feira (6) sobre como é ser mãe de um PM, disse que apesar de reconhecer a melhora na situação, “essa greve deve ser negociada logo, não pode se alongar mais”. A dona de casa lamentou também por ter visto o filho, soldado há 10 anos, mais magro após sete dias alojado na Assembleia. “Ele está mais magro, foi uma dó vê-lo hoje”, conta. “Mas ele tem uma causa, e como mãe, estarei aqui até o fim”, finaliza.

Prisão
O sargento Elias Alves Santana da Polícia Militar foi preso na tarde desta terça-feira (7), em Salvador. Este é o segundo mandado cumprido dos 12 que foram expedidos por determinação judicial.
O soldado Alvin dos Santos Silva, lotado na Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental (COPPA), está preso desde a madrugada de domingo (5) na Polícia do Exército.
A prisão preventiva foi decretada pela juíza Janete Fadul. Todos os 12 policiais são suspeitos de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público. Os PMs também vão passar por um processo administrativo na própria corporação.
Reunião com arcebispo de Salvador (Foto: Divulgação/Secom)Reunião com arcebispo de Salvador
(Foto: Divulgação/Secom)
Reunião
Após quase sete horas de tentativa de negociação entre sindicatos de PMs em greve e representantes do governo da Bahia, terminou sem avanços a reunião realizada na tarde desta terça-feira. A informação foi confirmada pelo presidente da OAB da Bahia, Saul Quadros, e pela Secretaria de Comunicação do Estado (Secom).
"As negociações foram interrompidas depois de 24h [desde o início na segunda-feira], não chegamos a evoluir. A mesma proposta apresentada agora foi a do início da manhã. Lamentavelmente não chegamos a uma negociação", disse Quadros.
Segundo a Secom, durante o encontro os representantes dos PMs fizeram contrapropostas ao governo, e elas serão levadas ainda nesta terça para análise do governador Jaques Wagner.
O encontro aconteceu na Residência Episcopal do arcebispo de Salvador e primaz do Brasil Dom Murilo Krieger, que participou efetivamente da tentativa de negociação. Desde a segunda-feira (6), Dom Murilo Krieger, atua na intermediação entre os interesses do governo e de entidades sindicalistas dos policiais militares grevistas.

A reunião foi formada pelo presidente da OAB da Bahia, Saul Quadros; o secretário da Casa Civil, Rui Costa; o secretário da Administração do Estado, Manoel Vitório; o comandante geral da PM, Cel. Alfredo Castro, Rui Moraes da Procuradoria Geral do Estado e os representantes das associações dos policiais: APPM, Associação da Força Invicta, Associações de Jequié e Itaberaba.
De acordo com a Arquidiocese, as entidades apresentam os pontos deliberados na primeira reunião a membros das bases e o objetivo agora é que esses representantes retornem com as impressões e avaliações dos sindicalistas. A Arquidiocese reitera que Dom Murilo se colocou à disposição tanto para o governo quanto para os sindicalistas.
Em relação à proposta que tem sido discutida nos encontros, o governo afirma que, na reunião de segunda, apresentou o cronograma para pagamento escalonado da Gratificação de Atividade Policial (GAP) IV e V.

Proposta do governo

O governador da Bahia, Jaques Wagner, afirmou na manhã desta terça, em entrevista ao Bom Dia Brasil, que as negociações para o fim da greve dos policiais militares no estado avançam desde a tarde de segunda-feira, quando tropas do Exército e da Força Nacional cercaram a Assembleia Legislativa, em Salvador, onde os grevistas estão abrigados.
Greve PM-BA (Foto: Editoria de Arte/G1)Greve PM-BA (Foto: Editoria de Arte/G1)
Wagner afirmou também estar disposto a conceder o pagamento da Gratificação de Atividade Policial (GAP) de nível 4, a principal exigência do movimento, mas diz não ter recursos para que o pagamento seja feito imediatamente.
A proposta levantada por ele é de que o valor da gratificação seja pago de forma diluída ao longo dos três próximos anos. Atualmente, os policiais recebem a gratificação de nível 3 e o salário do soldado varia entre R$ 1.900 e R$ 2.300.
“Nós, ao longo de cinco anos, concedemos 30% de aumento real. E eu tenho limite na folha. As negociações são em torno desse valor, da chamada GAP 4 e eventualmente até da GAP 5, mas evidentemente isso terá que ser partilhado ao longo de 2013, 2014 e até 2015. Se for para pagar alguma coisa imediatamente agora, não há menor espaço, porque eu não tenho espaço fiscal para fazê-lo", afirmou o governador.
Negociações
 Segundo ele, as negociações para o fim da paralisação começaram às 16h30 de segunda e se estenderam até as 2h desta terça-feira. As conversas para o fim do movimento devem ser retomadas nesta manhã, a partir das 10h.
"Eu posso lhe garantir que uma negociação que começou às quatro e meia da tarde e se estendeu até as duas e meia da manhã, é um ótimo sinal. Quando as coisas não andam, as negociações se interrompem rapidamente", disse. "A extensão da reunião é um sinal de que estamos no caminho de encontrar uma saída negociada”, acrescentou.
O governador descartou conceder anistia aos grevistas que realizaram o que chamou de “atos criminosos”, mas minimizou os atritos com o que chamou de “profissionais da segurança pública”, procurando convocar os PMs a "garantir a segurança da população durante o Carnaval". "Anistia se concede em um regime de exceção e de guerra, e estamos em uma democracia.
Conceder anistia seria um salvo-conduto (para atos criminosos).", afirmou."O meu chamamento é aos profissionais da segurança pública, que não deixem a população a descoberto. A nossa missão é a missão de garantir a segurança pública e nós devemos fazê-lo mesmo em momentos em que a gente está pedindo maior salários. Eu insisto que o Carnaval está chegando, nosso interesse é que rapidamente se bata o martelo na mesa de negociação e eu tenho convicção de que isso vai acontecer", acrescentou Wagner.

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