MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 7 de janeiro de 2012

Oferta de etanol é pequena porque o Brasil não se preparou como deveria

 

Há pelo menos oito anos, o mercado previa que sucesso de venda dos carros flex iria, no mínimo, dobrar a procura pelo etanol. Os investimentos não foram suficientes para atender essa demanda e os preços subiram. 

Na última reportagem da série sobre o etanol, o Jornal Nacional ouviu especialistas e o governo sobre o que mais interessa aos motoristas: o preço do combustível. O repórter Júlio Mosquéra mostra que 2012 ainda será um ano de muitos problemas.
Um atrás do outro, os carros entram e saem dos postos. Mas a bomba do etanol fica parada, sem despejar uma gota de combustível. O preço desanima. Em 2009, o etanol enchia mais da metade dos tanques dos carros. Ano passado, não encheu 42%.
Mas o Governo Federal já avisou que até o início de 2014, o preço do etanol deve se manter alto.
“Não deve ter etanol hidratado barato que estimule o consumo, porque a oferta vai ser curta. Se a oferta é curta, não tenho como reduzir preço”, explica Marco Antônio, secretário de petróleo, gás e biocombustíveis do MME.
A oferta é curta porque o país não se preparou como deveria. Há pelo menos oito anos, o mercado previa que sucesso de venda dos carros flex iria, no mínimo, dobrar a procura pelo etanol. Os investimentos não foram suficientes para atender essa demanda.
“Existem linhas de crédito para isso, mas não existe disposição dos investidores, dos empresários, a medida que não há uma clareza na definição das regras futuras em relação a várias questões, como preço, tributo, estocagem”, afirma Reinhold Stephanes, ex-ministro da Agricultura.
Além de aumentar o consumo de combustível, os carros poluem mais e lotam as ruas e avenidas. Para especialistas, o caminho é incentivar o transporte coletivo. “O modelo utilizado até hoje privilegiando o carro particular é um modelo que deu errado em todo lugar do mundo e está dando errado no Brasil também”, avalia Artur Morais, professor UnB.
Só no fim do ano passado, o governo aprovou no Congresso uma lei que classifica o etanol como combustível. Ele era considerado um produto agrícola. Recebia os subsídios de um alimento, sem a obrigação de cumprir as regras impostas aos produtos energéticos estratégicos. Com a mudança, o Ministério de Minas Energia vai cobrar dos empresários a estocagem do etanol para evitar que a falta do produto pressione ainda mais os preços.
“Ao impor a formação de estoques, o governo está oferecendo recursos ao produtor a custos bem atrativos para que ele possa formar esses estoques sem mexer no seu capital próprio”, destaca Marco Antônio.
Mas como estocar o que não sobra? “Eu gosto de usar o exemplo de que, se eu estou no cheque especial, estou no vermelho, então eu vou abrir uma poupança? Na verdade, se tivesse aberto essa poupança há alguns anos atrás eu poderia utilizá-la para cobrir o cheque especial. O que não temos etanol, então não tendo etanol, fica difícil você fazer alguma estocagem de um produto que você não tem”, diz Edgar Gomes, professor USP.
Há outro limitador: a regra da estocagem só vale para o etanol anidro, o que é misturado à gasolina. O hidratado, que o consumidor compra nos postos, continua sem uma política que garanta uma oferta constante a um preço que compense abastecer.
Se no futuro o país quiser tornar realidade a queda no preço do combustível, vai precisar investir R$ 80 bilhões até 2020, investimento que não pode mais ser adiado.
JORNAL NACIONAL

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