EUA alertam sobre agrotóxico em suco de laranja brasileiro

 

Substância é usada no controle de algumas doenças.
Utilização é permitida no Brasil, mas não é mais aceita pelos americanos.

Do Globo Rural

 

Os americanos já se habituaram ao sabor brasileiro, são duzentas mil toneladas por ano, o que corresponde a 14,5% das exportações de suco do Brasil.
Mas essa exportação enfrenta agora uma dificuldade por causa do carbendazim, princípio ativo de alguns agrotóxicos usados para controlar um tipo de fungo conhecido como pinta preta. A doença se multiplica rapidamente e acaba tomando toda a casca da laranja. O fruto não se desenvolve como deveria e tem amadurecimento precoce.
O controle é feito com aplicação regular de fungicidas a base de carbendazim, que agora está na mira dos EUA. Segundo estudos norte-americanos, a sustância aumenta o risco de tumores de fígado em animais.
O uso de carbendazim é permitido pela lei brasileira, mas nos Estados Unidos a substância não é usada na laranja. A única empresa que tinha permissão para importar suco de laranja com carbendazim não renovou a licença que venceu em 2002.
No fim de dezembro, uma empresa americana detectou a substância no suco brasileiro e comunicou às autoridades de saúde. Desde então, a FDA, agência americana que controla os alimentos, está fazendo testes no suco que chega ao país.
Até agora não houve rejeição a nenhum suco brasileiro, mas a notícia provoca preocupação nas regiões produtoras. “O trabalho vai ser encontrar produtos alternativos para atender o mercado americano porque a citricultura brasileira não consegue produzir sem o uso desses defensivos”, explica Flávio Viegas, presidente da Associtrus, Associação Brasileira de Citricultores.
Em nota, o Ministério da Agricultura informa que a quantidade autorizada da substância segue o limite da Organização Mundial de Saúde.
A Associação Brasileira de Exportadores afirma que o carbendazim é permitido nos principais mercados consumidores do suco brasileiro e que o consumo de suco de laranja produzido aqui continua liberado nos Estados Unidos.
A notícia já causou impacto no mercado internacional. Na terça feira (10), o suco de laranja teve alta de mais de 10% na Bolsa de Nova York. Na quarta (11), o mercado recuou e a cotação do suco registrou queda de 9,8%.