MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Confirmado 1º caso de ferrugem asiática nas lavouras de soja de MT

 

Ocorrência foi registrada no município de Sinop.
Nos últimos anos, doença provocou perdas superiores a R$ 9 bilhões.

Leandro J. Nascimento Do G1 MT
Plantio da soja finalizou em MT (Foto: Leandro J. Nascimento / G1)Produtores intensificam cuidados com a ferrugem
(Foto: Leandro J. Nascimento / G1)
Mato Grosso registrou o primeiro caso de ferrugem asiática na safra 2011/12. A doença foi presenciada em uma lavoura localizada no município de Sinop, a 503 quilômetros de Cuiabá, mediante exames feitos em laboratório credenciado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na última semana de dezembro. Com esta ocorrência, subiu para 18 o número de registros no país no novo ciclo agrícola.
Na propriedade mato-grossense foram plantados 1.154 hectares com a oleaginosa e a área atingida tem cerca de 190 hectares, de acordo com o gerente da fazenda, Elson Pedro Seger. Ele explica que o controle da doença é feito com a aplicação de fungicidas e que apesar da contaminação, o problema não deve interferir na produção de grãos. Isto porque, foi detectada a presença da ferrugem nas folhas de soja localizadas na parte mais baixa da planta.
"Fazemos o tratamento com fungicida. Como neste ano choveu bastante a soja cresceu bem e o pulverizador não conseguiu passar [na parte inferior]. A ferrugem foi constatada na folha do baixeiro e não vai prejudicar o enchimento do grão porque é na parte superior onde ocorre o enchimento", explicou o representante, ao G1.
Para o setor produtivo, a existência da ferrugem asiática nas lavouras de soja representa uma preocupação, uma vez que a doença reduz os índices de produtividade no campo e faz com que os produtores tenham prejuízos. O gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Nery Ribas, destaca que o clima úmido atual é propício à disseminação da doença e que é preciso estar atento ao problema.
"É alerta, mesmo com apenas um foco. O clima aumenta ou não a incidência. Estava seco até meados de dezembro, mas agora no final do ano, com o período de chuva e de temperatura alta, a ferrugem se desenvolve de sobremaneira. Como estamos nos preparando para o início da colheita, o fungo está no ar", explicou Ribas.
Pelas contas da Aprosoja, somente nos últimos seis anos, a ferrugem  provocou perdas bilhionárias aos produtores mato-grossenses. As cifras atingiram R$ 9,2 bilhões, perfazendo quase 28% do Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola estadual calculado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
"O alerta é que a ferrugem já está em Mato Grosso e para o vento não existe distância", mensurou Nery Ribas. De acordo com o gerente técnico, o aparecimento da ferrugem asiática no estado ocorre com até 20 dias de antecedência quando comparado ao primeiro caso da safra 2010/11, verificado em 23 de janeiro.
Plantio de soja em Mato Grosso está acelerado (Foto: Leandro J. Nascimento)Plantio de soja encerrou sem atrasos no estado.
(Foto: Leandro J. Nascimento)
O pesquisador Mauro Natalino, responsável pela análise que confirmou a presença da ferrugem na lavoura em Sinop, explica que pelo menos 50 folhas da soja foram analisadas. "Esta é uma soja que está terminando a fase de enchimento de grãos. Ela não está prestes a ser colhida, mas a ferrugem na lavoura preocupa", acrescentou.
Até esta terça-feira (03) o consórcio antiferrugem, projeto da Embrapa em parceria com outras instituições apontava para a existência de 18 focos de ferrugem nas lavouras de soja pelo país. O Paraná responde pelo maior número de ocorrências desta natureza, com 11 casos da doença, seguida por Goiás (4), Minas Gerais e Distrito Federal (um caso cada), além de Mato Grosso.
RiscoSegundo a Embrapa, o número de focos até o presente momento é considerado o mais baixo das últimas cinco safras e semelhante aos padrões dos anos de 2007/08, 2008/09 e 2010/11. Em 2006/07 e 2009/10, quando o número de casos era considerado expressivo, o país encontrava-se sob influência do fenômeno El Niño. Por sua vez, no atual ciclo predomina o La Niña.
As regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentam condições de risco moderado a alto de ocorrência da ferrugem. Na safra 2011/12, a maior parte dos produtores brasileiros conseguiu plantar a soja a partir do final de setembro, não sendo verificados atrasos, a exemplo do que ocorreu no último ano, quando o plantio tardou em média 30 dias.
"O fungo que causa a ferrugem é bastante agressivo e uma vez que a doença seja detectada pode se espalhar rapidamente. O ciclo é curto e pode trazer prejuízos se o produtor não adotar medida de controle, como a aplicação de fungicida, que deve ser utilizado logo no início do sintoma ou mesmo preventivamente", acrescenta a pesquisadora Claudine Seixas, da Embrapa Soja.
A ferrugem afeta principalmente as folhas da planta. "A folha é responsável por produzir o alimento para a planta. Realizando a fotossíntese ela consegue fazer a vagem", acentuou a pesquisadora.
Estádio
O foco de ferrugem encontrado na lavoura de Sinop insere-se dentro do estádio classificado como 'R-5'. O patamar é utilizado pela Embrapa para mensurar em que nível de desenvolvimento da planta a doença a atingiu.
"Ele [estádio] varia do R-1, quando tem a primeira flor até o R-8. No caso do R-5 significa que já estava enchendo a vagem. Quanto mais cedo a ferrugem é encontrada, mais cedo é preciso aplicar fungicida", concluiu Claudine Seixas.

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