MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Com 300 marcas, Fashion Business pretende movimentar R$ 836 milhões

 

Evento vai até 13 de janeiro no Jockey Club do Rio de Janeiro.
Moda apresentada também vem de favelas e presídios.

Bernardo Tabak Do G1, no Rio
Com investimentos de R$ 16 milhões, a 19ª edição do Senac Rio Fashion Business teve início nesta terça-feira (10) com altas expectativas. De acordo com a organização, a previsão é que as vendas cresçam 10% em relação a 2011, quando ficaram em R$ 760 milhões, alcançando R$ 836 milhões.
O evento, que acontece no Joquey Club do Rio de Janeiro até 13 de janeiro, reúne 300 marcas, que devem vender no atacado entre 35% a 50% de suas coleções. Nesta edição, a organização espera receber 70 mil visitantes e 20 mil lojistas convidados, entre eles mil compradores VIPs.
Fashion Business acontece até o dia 13 no Rio de Janeiro (Foto: Bernardo Tabak/G1)Fashion Business acontece até o dia 13 no Rio de Janeiro (Foto: Bernardo Tabak/G1)
“As marcas do Rio estão vivendo um momento em que o Brasil inteiro está olhando para nós”, ressalta Rony Antunes, sócio da Botswana – que ocupa um dos maiores estandes da feira e participa do evento há 3 anos e meio. “Acho que o Rio voltou a tomar um lugar na moda que já foi dele por muito tempo, que é essa moda irreverente e alegre, a cara do Brasil”, afirma.
Segundo o empresário, o evento permitiu a entrada da empresa nas vendas no atacado. “Antes, só vendíamos no varejo, nas nossas lojas no Rio. Hoje, temos lojas em São Paulo, Belo Horizonte e 12 representantes comerciais em estados de todas as regiões do Brasil”, conta Antunes.
De acordo com ele, no primeiro Fashion Business de que participou, ele atendeu 35 clientes. “Nesta edição, a gente vai atender uma faixa de 150 clientes. É um aumento de mais de 300%”, destaca ele, que diz vender 35% da coleção no atacado apenas nos 4 dias do evento.
Antunes conta que já recebeu propostas para a abertura de franquias da Botswana em outros estados, mas que ainda não tem condições de atender a demanda. “Estamos estudando aumentar a fabricação de peças para investir nesse modelo de negócio”, conta ele. conclui.
Vinícius Cristóvão mostra bolsas da Vira - Soluções Criativas (Foto: Bernardo Tabak/G1)Vinícius Cristóvão mostra bolsas da Vira - Soluções
Criativas (Foto: Bernardo Tabak/G1)
Moda reaproveitada
Além de grifes famosas, o Fashion Rio oferece a oportunidade para quem está começando no universo da moda. No estande do Rio Solidário, instituição do governo do estado que promove diversas ações sociais, artesãos têm a possibilidade de apresentar produtos feitos de material reciclado, alguns deles produzidos por detentos do sistema penitenciário do Rio ou por mulheres que vivem em favelas.

Vinícius Cristóvão começou a produzir bolsas a partir de restos de jeans e lona de caminhão em agosto do ano passado. “Sempre gostei de bolsas, porque sempre estou levando milhões de coisas comigo: livros, CDs, blocos. E adoro sustentabilidade”, diz o designer.
Os restos de jeans que agora viram bolsas vêm da fábrica de roupas de um amigo de Juiz de Fora, MG, e antes iam parar no aterro sanitário. As bolsas de lona custam entre R$ 82 a R$ 320.
“O produto feito de material reaproveitado tem que ser bonito, de qualidade, com bom acabamento e prático. Não adianta querer vender dizendo somente que é um produto reciclado”, explica ele.
O artista plástico Coco Barçante, da Sentimentos do Rio, mostra uma embalagem feita de garrafa PET (Foto: Bernardo Tabak/G1)O artista plástico Coco Barçante, da Sentimentos do Rio, mostra uma embalagem feita de garrafa PET (Foto: Bernardo Tabak/G1)
O trabalho de moradoras das favelas do Rio – 10 delas do Complexo da Maré, e outras 12, residentes da Cidade de Deus – também está presente no Fashion Business. São elas as responsáveis pela confecção das bolsas, embalagens, painéis e roupas masculinas e femininas da marca Sentimentos do Rio, do artista plástico Coco Barçante.
“Com isso, o mercado da moda participa do processo de inclusão social”, destaca Barçante. “E quando o mercado da moda utiliza o artesanato, ele colabora com a expansão e o fortalecimento da identidade e cultura locais”, acrescenta.
“Nós estamos cerzindo uma cidade através do nosso conhecimento, na área da moda: meu, como artista plástico, que pode criar peças arrojadas, e delas, no conhecimento do bordado, do crochê e do fuxico”, ressalta Barçante. “Elas usam a expertise delas, até porque não sei bordar. E eu a minha, porque, se não tiver um design arrojado, o produto permanece no tempo da vovó”, complementa.
Toda a produção é vendida basicamente em feiras e eventos. Camisas custam a partir de R$ 60, e uma bolsa de viagem é o produto mais caro: R$ 210. Uma embalagem feita a partir de garrafa PET é onde o cliente leva o produto. “Mas a embalagem ficou tão criativa que as pessoas pedem pra comprar à parte”, conta.
Vindo dos presídios
Lonas plásticas – de vinil ou ortofônica, usadas para propaganda de produtos – também se tornam bolsas, porta-laptops, estojos, lixeirinhas para carros, jogos americanos e porta-vinhos nas mãos de presidiários, por intermédio da ONG Tem Quem Queira.
“A gente recolhe a lona, doada sem nenhum custo por empresas como Bradesco, Coca-Cola e Embratel”, explica Lucas Innecco, expositor da Tem Quem Queira. “E os presos fazem os produtos, tentando descaracterizar o produto que havia naquela lona, e aproveitando as cores”, complementa.
Figurino da personagem Viúva Porcina, de "Roque Santeiro" (Foto: Bernardo Tabak/G1)Figurino da personagem Viúva Porcina, de
"Roque Santeiro" (Foto: Bernardo Tabak/G1)
Moda que vem da TV
Além dos estandes das marcas, os visitantes do Fashion Business também podem conferir uma exibição de figurinos de personagens marcantes de novelas da TV Globo. Entre elas, as da Viúva Porcina, de “Roque Santeiro”; da Babalu, de “Quatro por Quatro”; e da personagem Bebel, em “Paraíso Tropical”.

“Com essa exposição, a gente está discutindo o quanto figurino e moda são um ciclo: um alimenta o outro”, ressalta Mari Neiva, coordenadora do figurino do Central Globo de Produção (CGP). “A gente usa moda para a nossa pesquisa, observamos o que está nas ruas do Leblon e da Zona Norte, mas, na verdade, a gente também cria moda”, complementa.
Para a coordenadora, os figurinos exibidos em uma novela que caem nas graças da audiência acabam virando moda para grande parte da população brasileira. “Com certeza, antecipamos tendências que demorariam mais para serem massificadas”, explica.

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