MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 11 de dezembro de 2011

Humala escolhe linha dura para liderar novo gabinete peruano

 

Ex-militar e ministro do Interior Óscar Valdés é o novo primeiro-ministro.
Moderado Salomón Lerner pediu demissão no sábado (10).

Da France Presse
O presidente peruano, Ollanta Humala, designou neste domingo (11) o ex-militar e ministro do Interior Óscar Valdés para o cargo de primeiro-ministro. Ele substitui Salomón Lerner, que se demitiu no sábado. A troca representa uma vitória da ala dura do governo contra o setor moderado.
A maior parte dos analistas considerou neste domingo que o governo de Humala, um ex-militar nacionalista de esquerda, havia perdido coerência política e corria o risco de desencadear protestos sociais por projetar uma imagem de fraqueza.
A opção de Humala de escolher como primeiro-ministro seu ministro do Interior buscaria reforçar o lado pragmático que quer imprimir a sua gestão, distante da imagem esquerdista que exibiu durante a campanha eleitoral de 2011.
O ex-presidente Alejandro Toledo advertiu, no entanto, para uma militarização do governo e anunciou que seu partido Peru Possível se retirava do governo de Ollanta Humala e desistia de participar do novo gabinete ministerial, embora tenha adiantado que seguirá apoiando o governo no Congresso.
"Não somos partidários de militarizar o governo de Humala, que foi democraticamente eleito", disse Toledo sobre a escolha do titular do Interior, o ex-militar Óscar Valdés, como novo primeiro-ministro.
A designação de Valdés representa uma "mensagem de endurecimento frente a conflitos sociais", considerou Alfredo Torres, diretor do instituto de pesquisas Ipsos Apoyo citado pelo portal do jornal El Comercio.
"Valdés tem uma imagem de pessoa bastante eficiente e administrou uma pasta difícil -- como a do Interior -- com inteligência. O fato de que venha do Exército quer dizer que o governo não vai permitir mais excessos", afirmou Torres.
O diretor do Ipsos-Apoyo disse que esta opção não significa que o presidente Humala tenha dado uma guinada para a direita.
Durante a campanha eleitoral, Humala, de 49 anos, evitou as etiquetas políticas tradicionais de esquerda e direita, e se definiu como "de baixo".
A renúncia de Lerner, braço direito de Humala desde 2006, ocorre como parte de uma prática comum no Peru, em que todo o gabinete pode renunciar no mês de dezembro de cada ano para deixar o presidente livre para eventuais reformas no governo.
O conflito contra a mineração em Cajamarca (norte) foi a gota d'água para a renúncia de Lerner devido ao fato de o gabinete ter ficado dividido em relação ao projeto Conga da mineradora Yanacocha, que pretende investir 4,8 bilhões de dólares, autorizado por Humala.
As divergências aumentaram quando em 5 de dezembro o governo declarou estado de emergência em Cajamarca e enviou tropas do Exército para patrulhar essa cidade e pôr fim a uma greve de mais de 10 dias contra o projeto que prevê o transbordamento de quatro lagoas naturais.
"O terremoto gerado pelo Conga trouxe à superfície as fissuras que havia no governo e causará o distanciamento da ala mais radical", ressaltou o diretor do jornal Perú21, Fritz Dubois.
"Não acreditamos que esta mudança leve a uma guinada total de Humala. O que deve ser consolidado é um governo de esquerda moderada", ressaltou o Perú21.
A fórmula de "porrete e cenoura" (reprime e dialoga ao mesmo tempo), proposta pelo ministro do Interior Valdés, foi apoiada por Humala, mas não contou com o apoio total do primeiro-ministro demissionário, segundo a imprensa local.
"O atual primeiro-ministro Salomón sentiu que no tema Cajamarca não tinha o respaldo para solucionar o conflito" privilegiando o diálogo, disse à imprensa o congressista esquerdista Javier Diez Canseco, da aliança governista Ganha Peru.
O historiador Antonio Zapata ressaltou no jornal La República que, "por ser um militar (o primeiro-ministro designado) pode dizer que tem alguma capacidade autoritária e que são válidas as suspeitas de fortes probabilidades de militarização de Ollanta Humala".
A mudança ocorre no momento em que a popularidade de Humala caiu para 56% em novembro, seis pontos percentuais a menos do que em outubro, segundo uma recente pesquisa do Ipsos-Apoyo.

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