MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

'Ele sempre deu a vida para mudar o país', diz viúva de anistiado Marighella

 

Cerimônia de anistia política de militante baiano foi realizada nesta segunda.
Se fosse vivo, Carlos Marighella completaria 100 anos nesta segunda (5).

Do G1 BA, com informações da TV BA
Foi declarada a anistia política do comunista baiano Carlos Marighella na tarde desta segunda-feira (5), no auditório do Teatro Vila Velha, em Salvador. Se fosse vivo, o comunista assassinado pelo Regime Militar completaria cem anos hoje.
Muito emocionada durante a cerimônia, a viúvia de Marighella, Clara Charf, falou da importância da anistia para ela e a família. "Ele sempre deu a vida para mudar a situação do país. Acho que isso é um reconhecimento do povo baiano", disse.
O ex-deputado do Partido Comunista do Brasil e um dos principais opositores da ditadura militar brasileira, Carlos Marighella, é o homenageado da 53ª Caravana da Anistia, projeto do Ministério da Justiça que chegou à capital baiana nesta segunda-feira.
"É um testemunho de reconhecimento. Estamos muito felizes, honrados, por tudo o que nos dedicamos como familiares, é fruto de persistência", conta o filho, Carlos Augusto Marighella.
Marighella (Foto: Divulgação)"Meu pai foi covardemente executado",
disse o filho de Marighella
(Foto: Divulgação)
"Meu pai foi covardemente executado e àquela época o que se propagou é que ele teria reagido à voz de prisão e, inclusive, teria sido responsável pelo assassinato de uma policial. São diversas mentiras desconstruídas uma a uma ao longo de todo esse tempo.

E a cada ano novas verdades vão se levantando. Receavam que ele na cadeia se tornasse símbolo da luta contra o governo militar, como acontecia com Mandela [Nelson] na África do Sul", recorda Carlos. Além de filho e advogado, ele é um dos idealizadores do projeto Pró Memorial Marighella Vive, junto com a viúva Clara Charf que será lançado ainda nesta segunda.

"O Brasil merece conhecer sem nenhuma censura esses fatos, que, a despeito de toda violência e tentativa de sufocar as aspirações nacionais, houve brasileiros que se opuseram à ditadura, alguns como meu pai, assumindo a responsabilidade do confronto direto", comenta.
Carlos Augusto Marighella, filho do militante, hoje com 63 anos, tinha 20 em novembro de 1969, época em que ocorreu o confronto que resultou no assassinado do pai. O ano em que nasceu, 1948, foi o mesmo em que Marighella teve mandato de deputado federal constituinte cassado, início dos cinco anos consecutivos de clandestinidade. "Queriam prendê-lo. Só fui conhecer meu pai aos sete anos, quando ele foi me registrar. Não tinha certidão de nascimento. Vivi com ele até 1964", relata, em referência ao ano em que seu pai precisou novamente se refugiar.

Estiveram presentes na cerimônia de anistia, o presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abraão, que também é secretário Nacional de Justiça, o governador Jaques Wagner, o secretário de Cultura da Bahia, Albino Rubim, entre outras autoridades. Joviniano Soares Carvalho Neto, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais Bahia também esteve no evento.
Outros 16 ex-presos políticos terão processos julgados na visita da Comissão de Anistia a Salvador. A solenidade está marcada para ocorrer no Palácio da Aclamação, na sede do Conselho Estadual de Cultura, na terça-feira (7).
Confira a lista dos pedidos de anistia programados para serem julgados na Bahia, divulgada pelo Ministério da Justiça:
Nilton Jorge Kosminsky: acusado de pertencer ao MR-8, exilou-se do México para não ser preso.
Aristiliano Soeiro Braga: estudante preso em 1964 e 1970.
Juvenal Silva Souza: ao participar de passeata contra prisão dos estudantes em Ibiúna (SP), foi alvejado por tiros da polícia. Exilado na Itália.
Manoel Barreto da Rocha Neto: foi preso duas vezes em 1971 quando era estudante, respondeu a inquérito da Policial Militar e foi absolvido em 1973. Era professor da UFBA e teve o contrato cancelado em 1976.
Evan Felipe de Souza: preso em 1972 na fábrica em que trabalhava. Respondeu ao IPM 22/72 que foi instaurado para apurar as atividades da POLOP no Estado da Bahia.
Lourival Soares Gusmão: preso em 1982 por participar do lançamento da revista Cartilha do Araguaia. Foi posto em liberdade 19 dias depois.
Josafá Costa Miranda: preso em 1972 por ser acusado de ser militante da Organização de Combate Marxista Leninista – Política Operária CML – PO.
Delmiro Martinez Baqueiro: ex-funcionário da Petrobras, foi preso em 1972 por ser um dos membros da OCML-PO e em 1973 foi condenado a três anos de reclusão.
Luiz Carlos Café da Silva: ex-funcionário do INSS, sofreu perseguição por ter respondido IPM em 1964. Foi compelido a pedir exoneração.
Tânia Aarão Reis: filha de ex-preso político banido do país em 1971. Nasceu no Chile em 1973 e somente conseguiu passaporte brasileiro em 1980.
Jairo Cedraz de Oliveira: participou do Movimento Estudantil Secundarista em 1966 e foi membro da POLOP em 1967.
Mário Barbate: foi encarregado da tipografia do PCB em São Paulo, em 1940. Alega que foi preso em 1941 por ser responsável pela tipografia de vários manifestos contra o governo da época.
Sinval Araújo De Andrade e Lucia Maria Pereira De Andrade: ex-funcionário da Petrobras, demitido em 1965.
Edmundo Dias De Fariase: ex-funcionário da Caraíba Metais S/A. Metalúrgico do Pólo Petroquímico de Camaçari. Demitido por participar do movimento grevista.
Wesly Macedo de Almeida: foi preso em 1970 e respondeu a IMP instaurado para apurar atividades subversivas do PC do B e do PCBR, pelo qual foi condenado a três anos de reclusão.

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