MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

'Dinheiro de desapropriações iria para o PT de Vitória', diz ex-servidor

 

Prefeitura disse que não há nada de ilegal nas desapropriações.
Prefeito João Coser teve os bens bloqueados por causa de um terreno.

Mário Bonella e Juirana Nobres Do G1 ES, com informações da TV Gazeta
Pivô das denúncias contra a prefeitura de Vitória, o ex-chefe da equipe de desapropriações na capital, Geraldo Caetano Neto, disse, em entrevista à TV Gazeta, que as pessoas indenizadas pela administração municipal usavam o dinheiro para financiar campanhas políticas do Partido dos Trabalhadores (PT), sigla do prefeito do município, João Coser. Em nota, a prefeitura disse que não há nada de ilegal nos processos de desapropriação. E o PT informou que não recebeu a verba.
Geraldo trabalhou na prefeitura entre 2001 e 2008. Ele disse que era comum o município superfaturar o valor de indenizações. "A maioria dos processos de áreas grandes e de valores altos, sempre se pagava acima do laudo elaborado pelo próprio técnico da prefeitura", disse o ex-funcionário.
Ele informou que está sofrendo ameaças de morte e que o dinheiro das desapropriações tinha como destino o financiamento de campanha. "Era para ajudar a campanha do PT. Como funcionava eu não sei, a única coisa que eu sei, era que o dinheiro em espécie era destinado para a campanha do PT e para seus apadrinhados. O prefeito de Vitória recebeu dinheiro com certeza, por que os próprios ex-desapropriados disseram que era financiamento da reeleição do prefeito e as obras tinha que sair logo, por que o prefeito necessitava disso logo", contou.
Em um terreno, no bairro Tabuazeiro, que não é um dos bairros mais valorizados da cidade, o preço do metro quadrado ficou bem acima do valor de mercado, pelo terreno e o esqueleto de um prédio a prefeitura pagou R$ 15 milhões e 200 mil. Outro prédio, onde funciona, atualmente, uma unidade de saúde, no bairro Enseada do Suá, também foi desapropriado pelo município. O documento, elaborado por técnicos da própria prefeitura, mostra que a indenização deveria ficar R$ 899 mil, mas a prefeitura pagou um R$ 1,7 milhão.
O Ministério Público Estadual (MPES) está investigando as desapropriações feitas pela prefeitura de Vitória e já encaminhou uma ação à Justiça.
O prefeito João Coser teve os bens bloqueados por causa de um terreno que fica no bairro Andorinhas e foi desapropriado em 2006 para a construção da Ponte da Passagem. Segundo a denúncia, desta vez a prefeitura pagou R$ 3 milhões a mais do que o valor recomendado pelos técnicos em uma área que já pertencia a ela e havia sido doada a um comerciante.
Em alguns casos, prédios foram comprados pelo dobro do preço sugerido pela própria avaliação técnica do município (Foto: Carlos Alberto Silva/ Jornal A Gazeta)Prédios foram comprados pelo dobro do preço
(Foto: Carlos Alberto Silva/ Jornal A Gazeta)
Partido dos TrabalhadoresDe acordo com o presidente do Partido dos Trabalhadores no estado, José Roberto Dudé, o PT não recebeu dinheiro de desapropriações. "O nosso partido não recebeu nenhum centavo de qualquer empresa ou pessoa física que tenha participado de alguma desapropriação feita pela prefeitura de Vitória. As contas do PT são públicas e prestamos conta, constantemente ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE)", disse Dudé.
O presidente do PT no estado, disse ao G1 que o ex-funcionário da prefeitura de Vitória Geraldo Caetano Neto está sendo coagido por adversários. "Esta pessoa não é séria. Antes de fazer a denúncia ele fez várias chantagens para ter o emprego de volta. Nós orientamos a ele que se quisesse fazer alguma denúncia poderia ir ao Ministério Público, mas ele não tem provas de nada", disse o presidente.
Dudé disse que a denúncia será discutida em um reunião ordinária na noite desta segunda-feira (12), com a frente executiva do partido no estado. Reiterou que tem confiança em todas as ações do prefeito de Vitória, João Coser.
PrefeituraA Prefeitura de Vitória reafirma que não há nada de ilícito nos processos de desapropriação realizados na capital, conforme declaração do prefeito João Coser ao jornal A Gazeta, publicada na edição de domingo (11), e em entrevista à Rádio CBN, na última sexta-feira (09). A Prefeitura reafirma ainda que todas as informações sobre o assunto foram prestadas e ressalta que os processos são públicos e pautados pela legalidade.
Entenda o casoOs processos de desapropriação realizados pela prefeitura de Vitória estão sendo investigados pelo Ministério Público. Segundo reportagem especial publicada no Jornal A Gazeta neste domingo (11), há denúncias de indenizações milionárias em áreas que não são nobres; pagamento de imóveis por quase o dobro do valor pelo qual ele foi avaliado pela própria administração municipal e  de prédios comprados há anos que estão praticamente abandonados.

Agora, serão gastos mais R$ 6,9 milhões para iniciar a reforma da antiga União Capixaba de Ensino (Uces), que abrigará uma escola de ensino fundamental. Curiosamente, a prefeitura pagou R$ 2,2 milhões por um terreno dez vezes maior num local próximo - no bairro de Grande Vitória.
O prefeito de Vitória, João Coser, afirmou na reportagem que não há nada de ilícito com os processos e que confia em sua equipe. Segundo ele, foram seguidos critérios técnicos rigorosos e que as áreas escolhidas eram prioritárias para a instalação de equipamentos públicos, tais como escolas, unidades de saúde, praças e aberturas de vias.

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