MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Araras gays viram atração no minizoo da Redenção, em Porto Alegre

 

Fêmeas Linda e Lara vivem juntas há 20 anos.
Segundo pesquisas, comportamento homossexual entre animais é normal.

Roberta Salinet e Tatiana Lopes Da RBS TV e do G1 RS
Vinte anos convivendo no mesmo ambiente fizeram duas araras fêmeas criarem um comportamento de casal homossexual no minizoo do Parque da Redenção, em Porto Alegre. Sempre juntas, a de penugem azul, Linda, e a vermelha, Lara, despertam a curiosidade dos visitantes: “Mulher com mulher a gente sabe que tem, mas ave eu não sabia que existia”, espanta-se Gerson Luiz Emerim, de 46 anos.
A relação entre as duas ficou mais evidente depois que Linda botou três ovos – não fertilizados por um macho – e Lara ajudou a chocá-los. As duas não abandonavam o ninho que construíram juntas por nada, durante cerca de três semanas. Apesar de o comportamento causar estranheza em alguns, a veterinária do zoo, Simone Gutkoski, explica que a proximidade dos animais faz com que eles reajam desta forma naturalmente. “Durante todo o ano elas se comunicam com vocalizações especiais, limpando as penas uma da outra. Elas vivem muito próximas”, conta.
Mas não são todos que sorriem ou fazem uma expressão de espanto quando são informados da relação entre as araras. Há os que acompanham o raciocínio da veterinária, argumentando que é um comportamento natural. “Acho normal, elas vivem tanto tempo no mesmo lugar que acaba acontecendo, é da natureza delas”, comenta Valdeir Winkelmann, 23 anos.
Araras fêmeas do Mini Zoo da Renenção, em Porto Alegre, vivem juntas há 20 anos (Foto: Tatiana Lopes/G1)Araras fêmeas do Mini Zoo da Renenção, em Porto Alegre, vivem juntas há 20 anos (Foto: Tatiana Lopes/G1)
Comportamento é comum entre animais
Para os cientistas, o comportamento não é mesmo incomum. Pesquisas das universidades de Berkeley, nos Estados Unidos, e de Saint Etienne, na França, comprovaram que a formação de aves do mesmo sexo é bem mais normal do que se imagina. Até casos envolvendo leões machos foram verificados. Na Noruega, um museu fez exposição de fotos sobre o tema em 2006.
Recentemente, os pinguins gays de Toronto, no Canadá, trouxeram o assunto à tona mais uma vez. Buddy e Pedro, no entanto, se separaram oficialmente em novembro após um deles ter encontrado uma outra cara metade, mas do sexo feminino. Na década de 1990, outro casal de pinguins machos que vivia no Central Park, em Nova York, ficou bastante conhecido. Juntos, eles adotaram um ovo fecundado, do qual nasceu Tango. Esta história rendeu até livro infantil.
“Estes comportamentos possuem várias explicações nesta grande diversidade. Neste caso das aves, é normal pelas condições de confinamento, pela indisponibilidade de parceiros de outro sexo e pelo instinto de reprodução da espécie, por isso eles acabam tendo cuidado e comportamento de casal. Mas não tem nenhuma comparação com o comportamento humano”, esclareceu a bióloga da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) Patrícia Witt.
Valdeir Winkelmann observa Linda, a arara de penugem azul (Foto: Tatiana Lopes/G1)Valdeir Winkelmann observa Linda, a arara de
penugem azul (Foto: Tatiana Lopes/G1)
Segundo Simone, outros casais gays devem se formar em breve no minizoo de Porto Alegre. Gaviões machos têm “trocado olhares”. Tucanos do sexo masculino também deram os primeiros sinais que estão cada vez mais próximos. Além deles, um pavão macho estaria paquerando outros do mesmo sexo, por não ter uma fêmea no cativeiro. “O importante é que estes animais estão felizes. Eles não estão sozinhos”, conclui a veterinária.
Durante a semana, o zoo recebe de 150 a 200 pessoas por dia. Já aos sábados e domingos, o número aumenta para mais de 2 mil visitantes. Com as araras se tornando cada vez mais conhecidas, a expectativa é que o público seja maior, principalmente em época de férias. No total, o Minizoo Palmira Gobbi abriga 80 animais.

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