MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mais de 90% das fazendas da Boi Gordo que vão à leilão estão em MT

 

Propriedades serão vendidas para quitar débitos junto aos credores.
Na quinta-feira (25), serão outros dois imóveis entre SP e MT.

Leandro J. Nascimento Do G1 MT
O  mato-grossense Marcelo Sandrin é um dos 30 mil investidores que na década de 90 apostou nas fazendas reunidas Boi Gordo na expectativa de obter retorno rápido. O negócio, que funcionava como uma espécie de carta de crédito em animais, consistia em o pecuarista adquirir o gado e deixá-lo no pasto das propriedades do grupo que, por sua vez, faria a engorda. Mas quem esperava lucros acima das médias de mercado amargou prejuízo depois que a Boi Gordo pediu concordata, em 2001, e faliu, em 2004.

"Comprávamos os bois e tínhamos no pasto das fazendas da Boi Gordo. Adquiri quatro títulos, que eram certificados de propriedade do boi e renovei dois. Ganhei dinheiro com eles porque naquela época se comercializava e recebia em dia", disse Sandrin, que reside na capital do estado. Ele frisa que chegou a obter ganhos com os negócios travados com a Boi Gordo, mas diz não ter esperança de receber o que um dia investiu, o que hoje estaria na ordem de R$ 100 mil.
"Fui salvo porque estava cuidando de um empreendimento imobiliário e precisava resgatar [o que investiu]. Por sorte e por um acaso ganhei dinheiro, por estar com uma obra", considerou o médico.

Nesta quinta-feira (24), às 14h (horário de Brasília) e em São Paulo, mais duas fazendas vão a leilão. Uma em Itapetininga (SP), no interior de São Paulo, avaliada em R$ 13,925 milhões. Conhecida como a vitrine dos negócios da Fazendas Reunidas Boi Gordo a propriedade conta com uma área de 676,95 hectares. Já o segundo imóvel, está em Salto do Céu, a 383 quilômetros de Cuiabá, estimada em R$ 1,267 milhão, com 518,6 hectares.
Ao todo, 14 fazendas da Boi Gordo vão ser leiloadas para saldar débitos junto aos credores, governo e trabalhadores. A maior parcela, isto é, 13, localiza-se em Mato Grosso e uma única em São Paulo. No último dia 7, dois imóveis do primeiro estado foram leiloadas, arrecadando R$ 3,810 milhões, montante 80% maior do que o valor inicial.
"Os investidores acreditaram na possibilidade de receber a cada 18 meses a remuneração de 45%. Você compra um boi magro, eu engordo o boi e você ganha o peso a mais. Ele oferecia uma remuneração no tempo de engorda do boi. E é aí que está o calcanhar de Aquiles", declarou José Luiz Garcia, presidente da Associação dos Lesados pela Boi Gordo.
Garcia mostra-se otimista quanto ao que será arrecadado ao final dos eventos. "O valor arrecadado com a venda das fazendas vai ser suficiente para cobrir as dívidas. Com as 14 fazendas, devemos ultrapassar R$ 1 bilhão, sendo que somente a de Comodoro, em Mato Grosso, deve ultrapassar R$ 400 milhões", disse, ao G1.
De acordo com a associação, a maior parte dos débitos foi contraída junto aos investidores. "Originalmente são R$ 700 milhões que se corrigidos poderiam dobrar, em torno de R$ 1,4 bilhão", salientou. O presidente da associação destaca que os milhares de investidores que apostaram no rendimento acima de 40% em 18 meses devem ter de volta nos próximos dois anos no máximo 10% do que aplicaram.
Pelos cálculos da associação, somente o dinheiro obtido com o arrendamento das fazendas já seria suficiente para quitar os débitos trabalhistas. "Até agora, existe em caixa R$ 28 milhões em arrendamento e os débitos trabalhistas estão avaliados em R$ 24 milhões", citou. O dinheiro é depositado em uma conta bloqueada da Massa Falida em São Paulo, conforme José Luiz Garcia.

DistribuiçãoAs fazendas localizadas em solo mato-grossense pertencentes à Boi Gordo estão entre os municípios de Chapada dos Guimarães (vendida em 2009), Barra do Bugres, Lambari D'Oeste, Salto do Céu, Porto Espiridião, Apiacás, Comodoro, Poconé e Cáceres. As duas últimas foram leiloadas no dia 07.
Em Comodoro, a 677 quilômetros de Cuiabá, onde estão as fazendas Realeza do Guaporé I e II, que somam 160 mil hectares, segundo a Massa Falida e avaliadas em R$ 100 milhões. Ela equivale ao tamanho da cidade de São Paulo.
Na justiça
O advogado Cássio Casseb, cujo cliente é a pessoa física considerada sócia majoritária de duas empresas as quais são proprietárias da Boi Gordo, disse, ao G1, que todas as recomendações da Justiça estão sendo seguidas. Há o compromisso, de acordo com ele, de saldar os débitos junto aos credores.
"A determinação é cumprir a lei. Se ela determina pela venda, que vendamos o mais caro possível para pagar o maior número de credores", declarou. Ainda conforme o advogado, desde 2004, época em que a falência foi decretada, tenta-se reverter este estado por meio de recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
"O recurso é em relação a todo o ativo. Se for provido, a empresa voltará ao status de concordatária, de não falida. Tem que se pagar a dívida, mas buscariam-se outros mecanismos", pontuou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário