MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Músicos e escritora mirins mostram importância da arte para as crianças

 

Quatro amigos de Salvador formaram uma banda cover dos Beatles.
Ludmilla Fraga se inspirou no pai e escreveu um livro de contos infantis.

Lílian Marques e Ida Sandes Do G1 BA
Beatles Cover (Foto: Ida Sandes/G1)Os 'Beatles' ensaiam no apartamento do baterista
(Foto: Ida Sandes/G1)
O figurino deles é mais moderno do que as roupas usadas pelos ídolos, e o nome da banda parece não ter a ver com o grupo inglês. Mas quando essa turma de quatro amigos de Salvador, todos na faixa dos 12 anos de idade, começa a tocar o som dos Beatles é de surpreender qualquer adulto que viveu o 'boom' mundial do rock na década de 60.
O grupo "Dasantiga" (uma brincadeira com a expressão 'das antigas', querendo dizer algo de outra época) existe há pouco mais de um ano. Eles são exemplo de como o tempo das crianças pode ser preenchido de forma divertida com atividades que estimulam o contato com a arte e a cultura de forma lúdica e atrativa para quem vive rodeado de estímulos da tecnologia.
No violão e no vocal, Natan Drubi e Léo Caputo, de 11 anos. Nos teclados, baixo e vocal, Léo Cappi, de 12 anos. E na bateria, André Hayne, também de 12 anos. Cantar é um assunto muito sério para essa turma. Colegas desde os três anos de idade, eles se tornaram amigos quando resolveram criar uma banda cover dos Beatles para uma apresentação em um festival da escola.
Todos os sábados, os meninos têm um compromisso: os ensaios. As brincadeiras de crianças da idade deles, como vídeogame e outros jogos eletrônicos, também fazem parte dos encontros, que normalmente duram o dia todo.
O primeiro contato dos quatro com as canções dos Beatles foi através dos pais. A música despertou logo o interesse dos meninos e, desde cedo, todos fazem aulas para aprender a tocar instrumentos, mas não têm orientação de canto. Sobre a voz, eles usam uma expressão bem baiana para definir como fazem: "a gente se joga", dizem.
Léo Cappi começou a tocar teclado aos seis anos e já partiu para o piano. "Hoje, ele toca também violão, baixo e é bom na percussão", orgulha-se a mãe, Mirian Venâncio. E como ele conheceu os Beatles? O pequeno multi-instrumentista dá a deixa: "Comecei a ouvir [Beatles] com um CD do meu pai que eu achei em casa", lembra.
O xará Léo Caputo começou a tocar violão com 8 anos. Ele diz que ouvia Beatles com a família. Já André, que toca bateria, diz que foi muito influenciado pelo pai, mas que sempre gostou de tocar. "Um dia meu pai disse que todo homem devia saber tocar um pouco de violão", conta. Ele começou com as cordas e hoje faz aulas de bateria.
Para o Dia das Crianças, André pediu aos pais as peles da bateria (material que cobre os tambores do instrumento). O pai do jovem músico não esconde o orgulho do caminho que o filho está trilhando. "A gente é tiete. A música vai fazer parte da personalidade dele. O futuro de quem está envolvido com a arte é diferente", observa o advogado Amauri Leal. A mãe do pequeno também acompanha tudo bem de perto. "Sou a motorista da banda. É instrumento pra lá, pra cá. Cada semana o ensaio é na casa de um integrante", conta Sônia Leal.
Natan, que também toca violão e empresta a voz à banda, começou a tocar com 9 anos. A paixão pelos Beatles teve início depois que assistiu a um filme com músicas do grupo inglês. "Minha mãe brinca dizendo que se soubesse que isso ia acontecer, nunca teria alugado aquele filme", diz. Ele conta que escolheu de presente para o Dia das Crianças um novo CD de John Lennon. "Já tenho dois CDs e vinis. Ainda não escolhi o álbum que quero, mas vai ser um de John Lennon", afirma.
Autora Mirim
Há pouco menos de um ano, Ludmilla Fraga Coutinho 7 anos, decidiu ser escritora depois que seu pai, o advogado Luis Augusto Coutinho, publicou um livro. “Ela acompanhou da produção à publicação do livro 'Responsabilidade Penal do Médico', se encantou e decidiu que quer ser escritora”, conta a mãe Leila Fraga.
Com a ajuda dos pais, Ludmilla começou a escrever 'Dois Bichinhos do Barulho'. “A história é sobre um cachorro e um gato, Pulguinha e Sarninha, que tomam a porção mágica de uma bruxa e passam a latir em inglês e francês”, narra Ludmilla. O detalhe é que, depois da porção, é o gato quem late e o cachorro quem mia.
Para homenagear familiares, a escritora mirim deu o nome de alguns deles aos seus personagens. Ela mesma faz parte da história como Luly. O tio Coquinho é o pai de Ludmila, e Luquinha é o irmão de dois anos. Em cinco meses, a história ficou pronta. Tudo foi feito com a mediação e o apoio dos pais.
Em dezembro de 2010, o livro de Ludmilla foi lançado em Salvador. Até agora, mais de 200 exemplares foram vendidos. O dinheiro arrecadado com as vendas será destinado à compra de livros e materiais escolares que serão doados a crianças do Sítio do Conde, no Litoral Norte da Bahia. A escolha, explica Leila Fraga, veio dos passeios ao local onde a família tem casa de veraneio. A Villa Ludmilla, onde se passa toda a história do livro 'Dois Bichinhos do Barulho', é o Sítio do Conde.
Ludmilla diz que sempre gostou de ler, mas que não deixa de lado outras brincadeiras. “Gosto muito de brincar de esconde-esconde e de boneca, mas adoro ler, pintar e desenhar também." No Dia das Crianças, comemorado nesta quarta-feira (12), ela pediu de presente uma coleção que vem com hamsters de brinquedo. Durante a entrevista ao G1, feita em uma loja de brinquedos da capital baiana, a pequena escritora conseguiu convencer a mãe a levar dois ratinhos para casa. “Já faz parte do presente. Vamos ver o que mais ela vai ganhar”, brinca Leila Fraga.
Desenvolvimento
A pedagoga Gabriela Monteiro ressalta a importância de se desenvolver habilidades artísticas na infância. Segundo ela, hoje as crianças possuem muitas ferramentas modernas que facilitam o esquecimento de atividades mais lúdicas, o contato com a arte, coisas que despertam a criatividade. Ela alerta que os pais devem estar sempre atentos aos passos dos filhos para orientá-los nesse desenvolvimento.
“Para a formação do nosso ser, para que a gente possa desenvolver uma habilidade, seja matemática, corporal, físicoespacial, se a gente se concentrar enquanto criança em um único aspecto, certamente outros ficarão defasados. Cabe a nós, pais ou responsáveis, estarmos sempre atentos a essa perspectiva, a esse momento que a criança está vivendo", alerta.
A pedagoga explica que é preciso compensar o tempo que a criança fica dentro de casa. "Se ela fica muito tempo no apartamento, ofereça novos recursos como massa de modelar ou outras atividades que ele possa extrapolar além do computador. Não nego o computador, o considero mais uma ferramenta muito poderosa, mas o lápis vira uma excelente ferramenta e pode sair dele excelentes desenhos e textos. Cabe sempre aos pais estar oportunizando e oferecendo várias situações”, indica.
A pedagoga acresenta que essas "crianças-artistas" não estão forçadas a se tornar adultos mais cedo. "Percebe-se que há um respeito, um olhar para a infância. O livro e a música, por exemplo, podem estar sempre presente no cotidiano, no mundo da criança. Representamos, por meio da leitura de um livro, uma leitura muito maior que é a leitura de mundo. O livro traz bastante subsídios para melhor interpretar esse mundo”, avalia a especialista.
Artes plásticas
Alunos da Apae pintam quadros para exposição (Foto: Divulgação/Apae)Alunos da Apae pintam quadros para exposição
(Foto: Divulgação/Apae)
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em Salvador aproveita o mês das crianças, quando também é comemorado o aniversário da instituição, para expor o trabalho de alunos com deficiências intelectuais e que utilizam a arte para desenvolver capacidades psicomotoras e de envolvimento social.
A exposição “Cores da Inclusão” está aberta no Salvador Shopping, reunindo os principais trabalhos artísticos criados pelos alunos do Centro Educacional Especializado (Ceduc) da Apae em tela e esculturas.
As peças utilizam técnicas mistas e levam em conta os conceitos de sustentabilidade, com a transformação de materiais descartáveis em arte. A exposição fica em cartaz no Salvador Shopping até o dia 13 e, no dia seguinte, se instala no Salvador Norte Shopping.
O desenvolvimentos dessas crianças é facilitado também por aulas de dança e teatro. O espetáculo “O Circo da Rainha Mal Humorada” é um exemplo da arte cênica usada para o tratamento, mas que caiu no gosto das crianças baianas, sendo exibidos em teatros de Salvador.
Serviço
A banda "Dasantiga" se apresenta no sábado (15) no Espaço Cultural Zastras, localizado no prédio da loja Zastras, que fica na Alameda dos Umbuzeiros, nº 117, no Caminho das Árvores, em Salvador. O horário ainda não foi divulgado, mas pode ser consultado pelos telefones (71) 3353-0787/3353-0889. O local é o mesmo onde o livro "Dois bichinhos do Barulho", da escritora infantil Ludmilla Fraga Coutinho, està à venda.
A Exposição Cores da Inclusão pode ser vista no Salvador Shopping até quinta-feira (13) e depois será montada no Salvador Norte Shopping.

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