MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Hospital público de Pernambuco é flagrado usando lençóis suspeitos

 

Inscrições apontam que lençóis pertenciam a quatro hospitais dos EUA.
Unidade de saúde de Goiana comprou peças há cerca de quatro anos.

Do G1 PE
 O Hospital Regional Belarmino Correia, em Goiana, Zona da Mata Norte de Pernambuco, é mais um dos estabelecimentos que estão usando lençóis que teriam sido reaproveitados de hospitais dos Estados Unidos. A descoberta foi mostrada numa reportagem do NETV 2ª Edição, nesta quarta-feira (19), que flagrou os itens em uso na unidade pública de saúde.

Nas inscrições dos lençóis está a confirmação de que eles pertenciam a quatro unidades hospitalares diferentes dos Estados Unidos. A direção do hospital calcula que os lençóis estão em uso há pelo menos quatro anos e meio.
O preço baixo foi o que atraiu a direção do hospital pernambucano, que comprou lençóis para 75 leitos das enfermarias: cada metro custou R$ 2,00. A direção diz que o estoque é antigo e a compra não foi feita pela atual gestão. Segundo Maria da Conceição de Moura, gestora da unidade de saúde, os lençóis continuarão a ser usados, já que são lavados e esterelizados, mas outros cuidados serão tomados nas próximas compras. "Vamos ter o maior zelo, buscar a procedência dessa compra e avaliar o produto, antes de adquiri-los", disse ela.
A Secretaria Estadual de Saúde, entretanto, disse em nota que, mesmo o Hospital Belarmino Gouveia informando que os lençóis foram comprados de forma regular, todo o material seria recolhido e substituído nesta tarde.

A loja onde os lençóis foram comprados fica no centro de Goiana. O contador da empresa, Madson Fontes Silva, nega que os tecidos estivessem sujos ou contaminados. Os lençóis eram vendidos como retalhos e a mercadoria toda foi vendida. Ele não soube calcular a quantidade, mas disse de onde vieram os lençóis. "Compramos de fornecedores da região de Santa Cruz [do Capibaribe]. Então, foi vendido para o hospital. O pessoal de compras do hospital também comprou esse tecido como novo", explicou.

Mais flagrantesTambém nesta quarta-feira, uma loja no centro de Santa Cruz do Capibaribe, Agreste pernambucano, foi interditada pela Polícia Civil em cumprimento a uma ordem judicial. No local, agentes encontraram tecidos com caracteres em idioma estrangeiro, bem parecidos aos que estavam em outro depósito fechado na cidade, para onde iriam as cargas de lixo hospitalar apreendidas no Porto de Suape, no dia 11 de outubro.
De acordo com a polícia, o empresário suspeito de importar o material norte-americano retido em Suape - Altair Teixeira de Moura - seria ex-proprietário do estabelecimento. Amostras dos tecidos foram colhidas e enviadas para perícia.

Mais cedo, em Caruaru, também no Agreste, a reportagem do G1 encontrou outra loja que vendia tecidos com inscrições em inglês, semelhantes ao apreendidos pela Receita Federal, em Suape. Nos panos, comprados há pelo menos seis meses de um mesmo fornecedor de Santa Cruz do Capibaribe, é possível ler as inscrições "serviço de saúde" em inglês, como nos encontrados em um hotel em Timbaúba por uma equipe de reportagem da Globo Nordeste. Segundo o dono da empresa, Jorge Torres, eles servem para fazer fronhas, lençóis e forros.

InvestigaçõesAinda nesta quarta, o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, disse que o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, já se dispôs a colaborar nas investigações sobre o lixo hospitalar que entrou de forma ilegal no Brasil. “Muitas diligências já estão sendo realizadas e há a possibilidade de vir para Recife um representante do FBI para acompanhar essas investigações e nos apoiar no que for possível."

Mais de 60 amostras de material suspeito foram coletadas até agora. A investigação tem interesse especial, segundo Damázio, no material bruto encontrado em contêineres de Suape. “A prioridade é detectar que manchas são aquelas. Se é sangue, algum tipo de excremento, algo que venha a prejudicar a saúde de quem manuseia”, questiona. O secretário diz que testemunhas já foram ouvidas e que o inquérito está bastante avançado.
No Brasil, a Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar as responsabilidades pelo desembarque de contêineres com lixo hospitalar vindos dos Estados Unidos, que apontam para a prática de crimes de contrabando, ambiental e uso de documento falso. A investigação pretende rastrear a compra do material e saber se o produto foi distribuído em outras partes do Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário