MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Em três décadas, indústria assume lugar da agropecuária no PIB de MS

 

Em 1985, agropecuária respondia por 38% do PIB; hoje responde por 8%.
Indústria, que detinha 17,6% das riquezas, hoje gera 34,4%, segundo IBGE.

Hélder Rafael Do G1 MS
Confecção em Mato Grosso do Sul (Foto: Divulgação/Fiems)Confecção foi um dos setores que mais cresceram
em Mato Grosso do Sul (Foto: Divulgação/Fiems)
Mato Grosso do Sul chega aos 34 anos de existência com um perfil econômico diferente do que era verificado nos primeiros anos de criação. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1985 a agropecuária respondia por 38,56% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a indústria participava com 17,6%. Já em 2008, o campo detinha 8% de representação, e as fábricas, 34,4%.
O setor de serviços predomina em ambos os períodos, e atualmente soma 57,5% das riquezas. O PIB de R$ 33,1 bilhões, verificado em 2008, coloca o estado em 17º no ranking nacional.
A população sul-mato-grossense cresceu 78,8% em três décadas. Em 1980, havia 1,36 milhão de habitantes, e esse número passou para 2,44 milhões em 2010. Os homens eram maioria há 30 anos, mas atualmente as mulheres representam 50,18% do total. O número de municípios passou de 55 em 1980 para 78 em 2010. Há ainda o município não instalado de Paraíso das Águas, na região norte do estado.
José Garcia Neto (Foto: Marcy Monteiro Neto)José Garcia Neto, último governador de Mato
Grosso uno (Foto: Marcy Monteiro Neto)
MS: criado no regime militar
A porção sul de Mato Grosso tornou-se estado por meio de Lei Complementar sancionada em 11 de outubro de 1977. A nova divisão territorial do país estava entre as prioridades do regime militar, de acordo com o II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) que vigorou de 1975 a 1979.
Os objetivos eram favorecer a ocupação populacional e aproveitar potenciais econômicos regionais. Durante a vigência do plano, o governo federal também promoveu a fusão entre os estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em março de 1975.
A criação de Mato Grosso do Sul foi facilitada porque havia um interesse histórico no desmembramento. Desde meados do século XIX pesquisadores e governantes já falavam na concepção de uma unidade autônoma na região. Embora fosse uma escolha do governo Geisel, a ideia da implantação do novo estado foi inicialmente rejeitada pelo último governador de Mato Grosso uno, José Garcia Neto. O projeto foi levado adiante apesar das negativas apresentadas por Cuiabá.
Pedro Pedrossian (Foto: Glauber Laender/G1MS)Pedro Pedrossian governou Mato Grosso do Sul
por duas vezes (Foto: Glauber Laender/G1MS)
Quem também não tinha entusiasmo pela proposta era Pedro Pedrossian, à época eleito senador por Mato Grosso do Sul e que foi nomeado governador em 1980. Ao G1, o ex-governador avaliou que Mato Grosso uno já tinha todas as condições de desenvolvimento sem se dividir.
"Eu já sabia que o estado de Mato Grosso seria um grande produtor de grãos, passando estados como Paraná e Rio Grande do Sul, por causa das condições climáticas e geográficas. Mas havia movimentos da sociedade, em prol da divisão, que não podiam ser ignorados", conta Pedrossian.
Desavenças e crise econômica prejudicaram MS, diz ex-deputado
Havia fortes expectativas sobre o desempenho do estado, que foi implantado efetivamente em 1º de janeiro de 1979. Jornais da época informavam que Mato Grosso do Sul seria "tão potente quanto o Paraná" em dez anos, de acordo com as previsões do governador Harry Amorim Costa, primeiro mandatário nomeado pelo regime militar para administrar o novo estado.
MS seria tão potente como o Paraná, previa governador em 1979 (Foto: Reprodução/Arquivo Histórico de Campo Grande)MS seria potente como PR, previa governador (Foto:
Reprodução/Arquivo Histórico de Campo Grande)
Para João Leite Schmidt, deputado federal por Mato Grosso do Sul na época da implantação, as desavenças entre a classe política local e os efeitos da crise do petróleo sobre a economia brasileira na década de 1970 refletiram de forma negativa nos rumos do 'estado-modelo'.
"Existia a previsão de investimentos federais, mas o Brasil quebrou e a União não cumpriu com alguns compromissos. Ficou muito pior para Mato Grosso do Sul, que tinha todo um projeto de desenvolvimento para cumprir. Mato Grosso ficou na dele, já tinha universidades, centrais elétricas, toda a infraestrutura disponível", conta Schmidt.
Na opinião do historiador Hildebrando Campestrini, a falta de investimentos diretos no estado emergente poderia ter sido contornada se os políticos locais trabalhassem em conjunto. "As bancadas, em vez de unirem-se, acabaram se dividindo. Quem pagou foi o povo. Mato Grosso recebia mais apoio financeiro do governo federal, e Mato Grosso do Sul não", afirma.
Diante desse quadro, segundo Campestrini, os governantes locais começaram a contrair dívidas públicas que até hoje continuam a ser pagas. Segundo dados da prestação de contas de 2010 do governo estadual, a Dívida Consolidada Líquida é de R$ 6,33 bilhões, e o montante arrecadado no exercício fiscal foi de R$ 7,97 bilhões.

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