MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 2 de outubro de 2011

Em MT, jovem de 156 kg aguarda há 2 anos para fazer redução do estômago

 

Atualmente há 500 pacientes esperando pela cirurgia bariátrica em MT.
Defensoria Pública entrou com ação civil pública contra o estado.

Do G1 MT
A jovem de 26 anos pesa 156 quilos e aguarda há dois anos em uma fila de espera.  (Foto: Reprodução/TVCA)A jovem de 26 anos pesa 156 quilos e aguarda há
dois anos em uma fila de espera.
(Foto: Reprodução/TVCA)
O sonho da técnica de enfermagem Fernanda Reis Mattos parece simples: ter uma vida saudável. A jovem de 26 anos pesa 156 quilos e aguarda há dois anos em uma fila de espera para passar por uma cirurgia de redução de estômago por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) de Mato Grosso.
A situação dela é considerada obesidade mórbida, já que seu índice de massa corporal ultrapassa 40. Para Feranda, perder peso agora só por meio da cirurgia bariátrica. “Tenho amigas que já fizeram e eu sei que elas mudaram de vida através dessa cirurgia”, avaliou a jovem.
O problema é que a cirurgia custa cerca de R$ 15 mil pela iniciativa privada, e Fernanda Mattos afirma não ter condições de pagar. “Nunca tentei fazer pelo plano particular. É muito caro, eu não estou trabalhando e meu pai também não pode pagar”, declarou.
Atualmente a técnica de enfermagem é a 39ª de uma fila de espera que, segundo levantamento da Defensoria Pública de Mato Grosso, tem cerca de 500 pacientes esperando pela cirurgia de redução de estômago. “Quando vou para entrevista sempre volto para casa triste, chorando. Porque eu sei que não vão me chamar. Só tem um hospital para estar atendendo a gente pelo SUS. Então, eu fico nessa expectativa e torcendo para que possa melhorar”, disse Fernanda.
A cirurgia é indicada para pessoas com obesidade mórbida, mas faltam leitos para atender esses pacientes. Diante da situação, a Defensoria Pública de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, entrou com uma ação civil pública contra o estado para tentar resolver o problema.
De acordo com o defensor público de Várzea Grande, Marcelo Rodrigues Leirião, a ação ainda não foi julgada pela Justiça. “O juiz já despachou determinando que o estado apresente a lista de todas as pessoas que tem necessidade dessa cirurgia. Já está correndo o prazo para que o estado apresente junto à 3ª Vara da Fazenda Pública”, informou.
O defensor público explicou também que apenas o Hospital Geral Universitário (HGU) faz este procedimento médico. Segundo ele, para cada cirurgia é preciso ter um leito da Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) disponível, porque o procedimento é considerado de alto risco.
O secretário de saúde de Mato Grosso, Pedro Henry, disse que ainda não foi notificado pela Justiça e que a responsabilidade de realizar as cirurgias é exclusiva do município. “Nós não temos nenhum contrato. Há dois centros de referência cadastrados no Ministério da Saúde, um no Hospital Universitário Julio Muller e outro no Hospital Geral Universitário. Esses dois hospitais estão habilitados perante o sistema para realizar esse tipo de procedimento. Agora quanto à contratualização é o município que faz diretamente, e, não, o estado”, afirmou.
A Secretaria de Saúde de Cuiabá informou que o serviço está sendo estruturado de acordo com exigências do Ministério da Saúde, e que algumas cirurgias estão sendo feitas pelo Hospital Geral Universitário, uma das unidades credenciadas.
Exclusão
Fernanda Mattos conta que desde pequena teve problemas com o peso, mas que depois dos 14 anos engordou muito e não conseguiu mais controlar. “Sempre fui uma criança gordinha. Mas com 14 anos eu engordei muito, comecei a frequentar nutricionista, médicos e até cheguei a emagrecer. Mas logo engordei de novo”.
Com 17 anos, a técnica de enfermagem tentou entrar na fila do SUS para realizar a cirurgia bariátrica. “Na época, eu já estava com obesidade mórbida e tentei realizar a cirurgia. Mas eles não deixaram porque eu era menor de idade. Com 24 anos entrei na fila novamente e espero até agora”.
Para a jovem, a pior parte é encarar o preconceito da sociedade. “Sofro para pegar ônibus. As pessoas falam que eu ocupo lugar de dois nos bancos, que eu ocupo espaço. Tem uns motoristas de ônibus que exigem que eu passe pela roleta e não tem como. Já acostumei a pegar ônibus com os mesmo motoristas que abrem a porta de trás para mim”, reclamou.

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