MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 22 de outubro de 2011

COISAS DA BAHIA

'Tive que me equilibrar', diz aluna que atravessou cadeiras para fazer Enem

Escola estadual em Salvador teve acesso bloqueado pela água de rio.
Candidata conta que desistiu da prova por causa da dificuldade de chegar.

Tatiana Maria Dourado Do G1 BA
estudantes improvisam ponte na BA (Foto: Arestides Baptista/Agência A Tarde/AE)Ponte foi solução para passagem até escola
(Foto: Arestides Baptista/Agência A Tarde/AE)
Mais de dez carteiras escolares foram enfileiradas para servir como ponte improvisada e permitir o acesso de estudantes a uma das entradas da Escola Estadual José Augusto Tourinho Dantas, no bairro de São Cristóvão, em Salvador. A situação aconteceu na manhã deste sábado (22), primeiro dia de realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A área foi tomada pela água do rio Ipitanga, que passa pelo local e, segundo os moradores, sempre transborda em dias de chuva, como foi na quinta (19) e na sexta-feira (20). “Alagou toda a área de Cassange hoje de manhã. Tem um rio que transborda e invade as casas. Minha casa fica perto, mas dessa vez não fui afetada”, relata a moradora Indeildes Matos.
A estudante Jaqueline Gonçalves, de 16 anos, conta que precisou entregar a seu pai as sandálias que usava para passar de carteira em carteira e fazer a prova do Enem pela primeira vez. “Tinham muitos pais aqui aglomerados, todos preocupados. As pessoas que vieram não conhecem essa região, não sabem que tem outra entrada. Eu mesma tive que passar. Algumas balançavam, me equilibrei, estavam todas úmidas, com perigo de escorregar”, descreve a aluna do 2° ano do Ensino Médio.
Funcionária mostra marca da água do rio em sua calça (Foto: Tatiana Dourado/G1BA)Funcionária mostra até onde água chegou na perna
(Foto: Tatiana Dourado/G1BA)
As carteiras improvisadas foram a solução dada pela coordenação  para que os alunos que chegaram pelos fundos da instituição de ensino não perdessem a prova. A funcionária Selma Santos, de 54 anos, passou pelo local às 7h30 e precisou atravessar a área alagada para entrar na escola.
“Os funcionários tiveram que chegar para depois providenciar as carteiras. Todo mundo sabe que isso acontece, é uma situação que clama por solução, que não vem. Toda enchente é isso”, comenta a moradora do bairro.
As alternativas de acesso não foram suficientes para que a estudante Jéssica Santos, de 20 anos, conseguisse chegar. Ela conta que desistiu da prova por conta das dificuldades encontradas no trajeto. “Eu acordei cedo. Moro em Mussurunga e cheguei em São Cristóvão meio-dia. Fui de micro-ônibus, na rua perto do colégio, tive que pegar um mototáxi. Não tinha condições de passar. Estava tudo cheio de água e barro. Não poderia me arriscar a seguir para a outra entrada do colégio, que fica longe de lá. Acabei desistindo e voltando para casa”, lamenta a estudante que sonhava com a vaga em uma universidade.
A coordenação da escola informou que todas as providências foram tomadas para evitar que os candidatos deixassem de realizar a prova. Além das carteiras, alguns carros foram disponibilizados para transporte dos estudantes. A área alagada fica nos fundos do colégio, que, apesar de ficar mais próximo ao ponto de ônibus e ter maior acessibilidade, não é a entrada principal da instituição. Cerca de 500 pessoas fizeram prova no local.
Acesso difícil para escola no bairro de São Cristóvão (Foto: Tatiana Dourado/G1)Por volta das 16h, a área já estava seca, apesar de algumas poças (Foto: Tatiana Dourado/G1)

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