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Defensoria de MT pede fim da entrada de mais pacientes em hospital do SUS

MP quer transferir pacientes de Várzea Grande para hospitais conveniados.
Situação se complicou com a reforma do Pronto-Socorro da capital Cuiabá.

Ericksen Vital Do G1 MT

Pronto-Socorro de Várzea Grande está superlotado
(Foto: Reprodução/TVCA)

A Defensoria Pública de Mato Grosso entrou com uma ação na Justiça na tarde desta quarta-feira (19) pedindo para que seja impedida a entrada de novos pacientes de alta complexidade no Pronto-Socorro de Várzea Grande, região metropolitana da Capital. A unidade vizinha a Cuiabá tem vivido um caos na última semana devido à interdição do Pronto-Socorro da capital, que passa por reformas, conforme mostrou matéria do G1. Diante do aumento de 50% na demanda de pacientes em estado grave, muitos doentes estão sendo atendidos nos corredores da unidade de saúde.

O defensor Marcelo Leirião pede na ação para que os pacientes que, por exemplo, foram atendidos pelos médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) sejam levados para outros hospitais públicos ou para unidades da rede privada conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). A ação foi protocolada na 2ª Vara de Fazenda Pública de Várzea Grande.
Transfência de pacientesO Ministério Público Estadual também deve entrar na Justiça com um pedido de transferência de 42 pacientes que estão sendo atendidos pelos corredores do Pronto Socorro de Várzea Grande.
“A situação é caótica e precisa ser tomada uma posição rápida. Eu quero fazer um pedido judicial para fazer a transferência deste pacientes. Se o poder público não tiver hospitais, os pacientes poderão ser levados para hospitais da rede particular”, argumentou o promotor Rodrigo Araujo Braga Júnior. A ação do MP pedindo a transferência dos pacientes que estão sem leitos deve ser proposta nos próximos dias. Ele apenas está aguardando a comunicação oficial do Pronto-Socorro sobre o número de pacientes que podem ser transferidos.
Alta repentina de 50%
Segundo o superintendente da Fundação de Saúde de Várzea Grande (Fusvag), o médico cirurgião Wagner Marcondes da Cunha Lopes, o número de pacientes internados em estado grave no PS do município aumentou mais de 50% depois que a unidade hospitalar começou a receber pacientes da capital. Isso porque o setor de urgência e emergência da principal unidade de saúde pública de Mato Grosso, o PS da capital, foi interditado depois que o teto de gesso desabou na última sexta-feira (14), durante uma forte chuva.
Emergencialmente, o superintendente disse que vai transformar um antigo refeitório em uma enfermaria para atender mais 10 pacientes. Ele disse ainda que o Pronto-Socorro não tem condições para continuar recebendo os pacientes vindos de Cuiabá. Dos cinco centros cirúrgicos da unidade, disse o superintendente, apenas um está funcionando em capacidade plena e o outro parcialmente. Além disso, estimou o superintendente, caso a demanda continue crescendo, no próximo sábado o hospital deverá se tornar um caos porque alguns medicamentos poderão faltar.
Particulares são contraOs hospitais particulares são contra receber os pacientes de urgência e emergência do Pronto-Socorro. Segundo o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Saúde Particulares e Filantrópicos de Mato Grosso (Sindesmat), José Ricardo de Mello, as unidades da rede privada não têm condições de receber esses pacientes.
“Essa é uma medida que não resolve o problema da saúde, mas apenas uma situação pontual. Os hospitais particulares estão lotados. Não temos vagas de leitos disponíveis para receber pacientes de uma hora para outra”, comentou o presidente.
Na opinião dele, antes de tentar uma estratégia judicial é preciso iniciar um diálogo com os proprietários dos hospitais. “Somos a favor de conversar com o governo parar tentar ajudar nesta situação caótica. Os hospitais só teriam condições de receber pacientes que precisem de cirurgias, mas que não fiquem internados. Contudo, só com um contrato previamente estabelecido entre os governo e os hospitais para termos a garantia de receber”, comentou.
Intervenção federal

Pacientes estão sem leitos na unidade de Várzea
Grande. (Foto: Reprodução TVCA)

O presidente interino do Conselho Federal de Medicina em Mato Grosso (CRM-MT), Arlan Azevedo, disse que vai procurar o Ministério Público Federal (MPF) para pedir uma intervenção federal no Pronto-Socorro de Várzea Grande. Na opinião do presidente do CRM, a unidade que recebe recursos federais não tem condições de receber mais pacientes.
Arlan Azevedo comentou que falta estrutura e até mesmo profissionais para atender a demanda. Além disso, segundo o médico, as unidades das Policlínicas que recebem os pacientes menos graves e poderiam reduzir o fluxo de pacientes no PS também estão lotadas. Sem atendimento nas unidades mais básicas, os pacientes vão parar no Pronto-Socorro. Segundo a direção do PS de Várzea Grande, aumentou cerca de 20% os atendimentos dos casos de baixa complexidade.
Obras no PS da capital

Parte do teto do Pronto-Socorro de Cuiabá desabou
(Foto: Reprodução TVCA)

Enquanto o Pronto-Socorro de Várzea Grande vive uma situação crítica, as obras continuam e o Pronto-Socorro de Cuiabá permanecerá fechado para receber pacientes em estado grave nos próximos dias. As obras na chamada Ala Vermelha, que recebe os pacientes em estado grave, devem durar cerca de 15 dias, segundo informou a assessoria de imprensa da unidade.
De forma paliativa, informou a assessoria, a previsão é que na próxima sexta-feira (21) o box de urgência voltará a funcionar em um local improvisado. Os pacientes vão passar a ser atendidos na Ala Verde, que era destinada para pacientex de complexidade menor.