MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 11 de outubro de 2011

ACM, José Dirceu e Jango podem ter vidas contadas por Fernando Morais

Escritor e jornalista mineiro falou ao G1 antes de viajar para a Flica.
'Eu não gosto de personagens previsíveis, mas surpreendentes', admite.

Tatiana Maria Dourado Do G1 BA
Escritor Fernando Morais é convidado da Flica (Foto: Janete Longo)Fernando Morais é convidado da Flica, que ocorre entre os
dias 11 e 16 de outubro, em Cachoeira  (Foto: Janete Longo)
“Todos meus livros, sem exceção, podiam ser publicados em capítulos em jornais e revistas”, afirma o jornalista Fernando Morais sobre os fragmentos da história que tem registrado nos dez livros acumulados ao longo dos 35 anos da carreira de escritor.

Na publicação mais recente, ‘Os Últimos Soldados da Guerra Fria’ [2011], Morais esteve concentrado por cinco anos – três de pesquisa e dois de escrita – em investigar os espiões cubanos infiltrados em organizações de extrema direita dos Estados Unidos.

“É um episódio revelador, um tema saborosíssimo, que me seduziu. Mostra os bastidores do relacionamento secreto que existe entre Fidel Castro e Bill Clinton e que teve como intermediário Gabriel Garcia Marques”, relata ao G1, pouco antes de viajar para Cachoeira, cidade do Recôncavo Baiano onde participa da mesa de abertura da I Festa Internacional Literário [Flica], que acontece entre os dias 11 e 16 de outubro.
Estou flertando a possibilidade de escrever sobre a morte de Jango"
Fernando Morais
O escritor, de origem mineira, divide o primeiro debate da Flica com o crítico literário Miguel Sanches e a jornalista especializada em literatura Raquel Cozer. O encontro está marcado para as 19h, no Conjunto do Carmo.
A mesa, intitulada ‘Literatura Brasileira – Sucesso de Crítica e de Público?’, prevê um bate-papo sobre como é ser um escritor prestigiado em um país formado, em sua maioria, por ‘iletrados’. Morais concorda que o cenário é “dramático” e que a solução ante o iletrismo é a “revolução da educação”.

"Brizola tentou ressucitar um projeto antigo de Anísio Teixeira e, por contraditório que seja, a única coisa boa no governo Collor, que saiu escurraçado da vida pública, foi a escola em tempo integral de alta qualidade. Um projeto do Anísio, que também ganhou lugar no governo da Marta Suplicy em São Paulo, com os CEU´s (Centro Educacional Unificado)", reflete Morais sobre o tema.
Por outro lado, o autor argumenta que existem cerca de 30 milhões de brasileiros que são considerados “leitores regulares”, o que corresponde a 15% da população total.[Segundo levantamento do Censo 2011, o Brasil possui mais de 192 milhões de habitantes]. “Essas pessoas compram e leem livros em padrões muito próximos aos países ricos. É mais que a população do Chile e de Portugal e cinco vezes a população da Dinamarca e da Holanda! Isso é uma multidão, um cenário polêmico e revelador”, adianta o debate da Flica.
Biografias
Olga Benário, Assis Chateaubriand, Casimiro Montenegro Filho [Marechal Montenegro, um dos precursores da aviação no Brasil] e Paulo Coelho. Apesar de ter se debruçado em desvendar o perfil de quatro personagens brasileiros, Fernando Morais acha que ser referenciado como biógrafo é um elogio.
Futuramente, as vidas de políticos como Antônio Carlos Magalhães e José Dirceu devem ser desvendadas pelo autor. “Todas as minhas biografias permitem que o leitor se depare com a história do Brasil que não foi vista nos bancos da escola, porque não pertencem à história oficial. É uma maneira também jornalística de revelar a história”, diz. Para Morais, a tarefa de definir personagens exige critérios, sendo os prioritários o desconhecido e a imprevisibilidade da história a ser contada.
“Até os livros que eu não fiz precisam ser um pedaço da história. É engraçado como um socialista como eu pode se interessar pela vida de ACM. Mas ele talvez seja o único brasileiro, de Juscelino Kubitschek a Lula, com hiatos nesse meio, a conviver com o núcleo do poder do país, como protagonista ou testemunha. A mesma coisa vale, em outras proporções e em polo invertido, com José Dirceu. Eu não gosto de personagens previsíveis, mas surpreendentes”, admite.
Estante empoeirada
Nos últimos cinco anos em que esteve dedicado aos ‘Últimos Soldados da Guerra Fria’, o compromisso de Fernando Morais com sua biblioteca foi apenas o de empilhar livros. Por isso, a missão do momento é lê-los de “trás para frente”, de acordo com a ordem com que foram adquiridos. O primeiro escolhido foi 'João Goulart: uma biografia', escrito pelo professor de História da UFRJ, Jorge Ferreira, mas por motivo determinado: “Estou flertando com a possibilidade de escrever sobre a morte de João Goulart”, confessa.

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