MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 25 de setembro de 2011

Magreza é sinal de beleza? Capixabas revelam como se livraram da anorexia

 

Especialista afirma que busca pela magreza pode ser uma doença perigosa.
"Quando comia uma fatia de presunto, chorava depois", disse jovem.

Bruno Faustino Do G1 ES, com informações da TV Gazeta
A busca pelo corpo perfeito, a preocupação com a beleza acima da saúde, o emagrecimento rápido e a qualquer custo. Por trás disso tudo, uma doença perigosa. A anorexia é um distúrbio alimentar. "A doença é a recusa em se alimentar. A pessoa sente fome, mas evita comer qualquer alimento", explica a psicóloga Cláudia Kalil.
Segundo ela, muita gente confunde anorexia com bulimia, mas existem diferenças entre as duas doenças."Quando o sujeito tem bulimia ele é capaz de sentar em frente a geladeira e comer de tudo. Em seguida, vomita tudo o que comeu. Faz isso porque se sente culpado. Já quando tem anorexia, ele restringe o alimento. Não come nada, mesmo sentindo fome", diz a psicóloga.
A especialista destaca alguns sintomas da anorexia: perda exagerada de peso em curto espaço de tempo, recusa em participar das refeições familiares, preocupação exagerada com o valor calórico do que come, interrupção do ciclo menstrual nas mulheres, depressão, síndrome do pânico, comportamentos obsessivo-compulsivos, visão distorcida do próprio corpo e pele extremamente seca.
Rafaela Gozzer, de 24 anos, começou a ficar doenta após faculdade de moda (Foto: Arquivo Pessoal)Rafaela Gozzer, de 24 anos, começou a ficar doenta após faculdade de moda (Foto: Arquivo Pessoal)
A doença atinge, principalmente, mulheres jovens. A estilista Rafaela Gozzer, de 24 anos, teve anorexia na adolescência. "Eu estava no pré-vestibular. Comia muita porcaria, não ia em casa. De repente, comecei a engordar. Diziam que estava ficando mais 'cheinha' e ia entrando na minha cabeça. Depois entrei na faculdade de moda, que prega o padrão de beleza, botei na cabeça que tinha que emagrecer e ficar mais magra do que eu era antes", relata.
Rafaela chegou a passar dois dias sem comer. E, quando comia, era muito pouco... "Meu interesse era emagrecer, não importava como. Sempre pulava refeições. Se almoçasse, não tomava café da tarde. Quase não jantava", conta.
A jovem achava tudo isso normal. "Quando você tem a doença, você não admite. Acha que está fazendo uma dieta e vai ficar tudo bem", diz Rafaela.
Ela só se deu conta de que estava doente quando a mãe a levou ao médico. "Ele constatou que eu estava com anorexia. Mas minha mãe não podia fazer nada. Ela não me obrigava a comer, nem colocava comida na minha boca. As estratégias que ela usava era, por exemplo, fazer a comida que eu gostava mais, mudar o cardápio, mas não funcionava muito", comenta.
A minha imagem no espelho era sempre gordo"
Marcelo Braga,
23 anos
É de assustar o peso da jovem no pico da doença. "Eu pesa 39 quilos. Antes, o meu peso era 48 quilos", revela. Hoje, Rafaela está curada. Ele se casou e já é mãe. E nem pensa em se preocupar com os 'quilinhos a mais' que ganhou após a gestação. "A minha preocupação agora é com a minha filha para que ela tenha saúde e nunca passe pelo que eu passei".
Anorexia InfantilA psicóloga Cláudia Calil alerta: "A doença tem atingido cada vez gente mais nova, principalmente, as crianças entre abaixo dos 10 anos. Muitas pesquisas apontam que a anorexia é uma rejeição da criança ao passar para a puberdade, ou seja, da fase infantil para a adolescência".
Segundo ela, os pais precisam ficar atentos para perceber se o filho ou a filha está com anorexia. "Quando a criança começa a baixar muitas dietas, se comparar com amigos. É aí que a mãe deve começar a ficar preocupada porque isso pode levar a um quadro de anorexia. Eu falo para os pais o seguinte: estejam mais próximos dos seus filhos", orienta.
Marcelo Braga, de 23 anos, chorava ao comer fatia de presunto (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Marcelo Braga, de 23 anos, chorava ao comer fatia de
presunto (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Casos em homens tornam-se comunsQuem não conhece uma criança gordinha, simpática, alegre? Assim era o universitário Marcelo Braga, de 23 anos, na infância. "Quando a gente é criança tudo que inflam na nossa cabeça, a gente começa a pensar muita coisa. E eu cresci com isso, tanto que meu pai sempre falou isso de mim. 'Ah você é o filho do Faustão de tão gordinho'", relembra.
Quando fez 18 anos, Marcelo decidiu dar um basta. Um basta na comida. Parou de comer para emagrecer. "Eu olhava o prato de comida pronto e dizia que não iria comer para não engordar. A minha imagem no espelho era sempre gordo", revela Marcelo.
O jovem diz que achava interessante ter o suposto controle do que comia e, principalmente, o que deixava de comer. "Eu achava legal ter controle sobre a minha fome", afirma o jovem sobre a época em que estava doente.
O problema deste auto-controle psicológico é que evitar a comida começou a fazer mal ao jovem. "Eu passava tanto mal que, quando comia uma fatia de presunto, chorava depois!"
Marcelo só percebeu que estava doente durante uma conversa com amigos. "Se não fosse os meus amigos eu não estaria aqui", revela. Para o jovem, o mais difícil foi assumir a anorexia. "Eu não via o que eu estava fazendo. Eu tinha vergonha de assumir que eu tinha uma doença", conta.
Especialista diz que a pessoa deve se amar para superar a doença (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Especialista diz que a pessoa deve se amar para
superar a doença (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
TratamentoA doença tem tratamento, mas o sucesso depende muito da colaboração do paciente, diz a psicóloga Cláudia Calil. "A pessoa perde massa magra. O tratamento é intra, trans e multidisciplinar, não tem como o paciente sozinho se curar. Ele precisa se conscientizar e, muitas vezes, essa conscientização se dá por meio da internação".
A psicóloga alerta aos homens, mulheres, jovens, adolescentes, crianças. "O que eu costumo dizer a quem passa por esse problema é que a pessoa que está doente deve se amar mais! Não tem como receber amor se a pessoa não se amar. O importante é saber quem você é e não o que as pessoas acham que você seja", finaliza.

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