MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 11 de setembro de 2011

'Isto aqui é um cemitério', diz irmão de vítima do 11/9 sobre memorial em NY

 

Famílias participaram de cerimônia de inauguração no Marco Zero.
Parry Sikorsky foi com o pai e a cunhada ao evento neste domingo (11).

Cristina Indio do Brasil Especial para o G1, em Nova York
Bombeiro Gregory Sikorsky foi lembrado pela família na cerimônia no Marco Zero, em Nova York (Foto: Cristina Indio do Brasil/G1)Bombeiro Gregory Sikorsky foi lembrado na
cerimônia no Marco Zero, em Nova York (Foto:
Cristina Indio do Brasil/G1)
A emoção das famílias marcou a cerimônia de dez anos dos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York neste domingo (11). Os parentes foram chegando aos poucos, sempre carregando alguma coisa para homenagear as pessoas que perderam nos ataques terroristas.
Eram fotos, muitas em porta-retratos, adesivos, camisas com a imagem do homenageado, flores, levados por pais, mulheres, maridos, companheiros, filhos, primos, amigos. Os olhos com lágrimas, a voz embargada ao falar de quem foi embora de forma súbita e tanto faz falta.
Depois, nas leituras dos nomes durante a cerimônia, as frases ditas pelas famílias reforçavam ainda mais a emoção. "Laura, te quero tão bem. Estará sempre no meu coração", disse uma mãe. O filho adolescente que sente a falta do pai acompanhar o seu desempenho na escola lamentou: " Meu pai não poderá ver a minha graduação na High School".  O tio mandou um recado para o sobrinho: "Sua mãe te ama".
Emoção também dos próprios policiais que estavam no local para fazer a segurança. Muitos perderam amigos nos atentados. Ficaram ainda mais emocionados ao ouvir um policial aposentado com a filha dando o seu depoimento. Ao lado da filha Patrícia, James Smith lembrou a morte da mulher que também era policial, a única mulher da Polícia de Nova York morta nos atentados. "Mãe, estou orgulhosa de ser sua filha. Você sempre será minha heroína", disse a adolescente que tinha dois anos quando a mãe morreu tentando ajudar outras pessoas dentro da Torre Sul.
Parry Sikorsky junto com o pai George (de boné) e da cunhada Mary (Foto: Cristina Indio do Brasil/G1)Parry Sikorsky junto com o pai George (de boné) e
da cunhada Mary (Foto: Cristina Indio do Brasil/G1)
Atrás do palanque armado para a cerimônia, foi inaugurado o Memorial, construído em um parque arborizado e com duas piscinas no lugar das torres que foram abaixo. Nas paredes com água corrente, estão escritos os nomes das vítimas dos atentados em Nova York, Washington e Pensilvânia, além do ataque a bomba em 1993.
Aberto às famílias neste domingo, também foi um lugar de forte emoção. Muitos parentes e amigos passavam a mão nos nomes como se estivessem fazendo um carinho na pessoa querida. Tentando talvez um contato em quem deixou uma lacuna nos últimos dez anos.
Para Parry Sikorsky, que perdeu o irmão bombeiro Gregory, de 34 anos, o local é importante, mas também deixa evidente uma ferida. "Muitas pessoas não encontraram os seus parentes. Os corpos não foram achados. O Memorial é muito importante para a minha família, para o meu irmão, mas para muitas famílias que não encontraram seus parentes, isto aqui é um cemitério", disse Parry, ao lado do pai George e da cunhada Mary.
Brasileiros ficaram impressionados
Mesmo quem não teve permissão para participar da cerimônia na área do Marco Zero se emocionou. Os curitibanos Lilian Pallu e Mauro Silva estão em Nova York há cinco dias. Eles vieram de férias e quando marcaram a passagem não notaram a data. "Era o período que tínhamos de férias na empresa. Mas não ficamos com medo, depois que vimos a coincidência de datas", disse Lilian.
Lilian Pallu e Mauro Silva em frente à Igreja de São Paulo, na Broadway, em Nova York (Foto: Cristina Indio do Brasil/G1)Lilian Pallu e Mauro Silva em frente à Igreja de São
Paulo, na Broadway, em Nova York (Foto: Cristina
Indio do Brasil/G1)
Os dois ficaram impressionados com a manifestação de patriotismo dos americanos. Em frente a Igreja de São Paulo, na Broadway, do lado oposto onde estava acontecendo o fim da cerimônia, eles s emocionaram com as fitas brancas colocadas nas grades da igreja em homenagem às vítimas.
"Não deve ser esquecido. Uma brutalidade famílias que se perderam em nome de um fanatismo de um grupo de pessoas. É revoltante", comentou Mauro.
Para Lilian, a lembrança das imagens dos atentados misturada com a sensação de estar no mesmo lugar onde pessoas estavam passando por tantas dificuldades há dez anos, foi uma oportunidade de fazer um tributo às vítimas. " Foi um fato muito triste. Estar aqui neste momento onde aquelas pessoas estavam no sofrimento que a gente viu pela televisão. Aquela poeira , aquela tristeza, aquela busca. É muito triste. É um tributo àquelas pessoas. Se pudesse dar um abraço em cada família a gente ficaria muito feliz", completou Lilian.

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